Mais uma pesquisa Ibope significa mais uma injeção de adrenalina na campanha. Agora sim, apenas com os candidatos oficiais no páreo, já é possível comparar alguns números.
Lula continua na dianteira, embora tenha perdido quatro pontos percentuais desde junho; caiu de 48% para 44%.
Alckmin, por sua vez, teve crescimento mais expressivo: nove pontos percentuais (18% para 27%). Já Heloísa Helena, a grande revelação da temporada, nesta pesquisa do Ibope apresentou crescimento mais modesto, de 5% para 8%.
Mas o mais interessante é comparar a performance dos dois principais candidatos. Onde Alckmin cresceu, Lula caiu.
Por faixa de idade, os maiores crescimentos de Alckmin ocorreram nas de 16 a 24 anos (19% para 29%) e de 40 a 49 anos (17% para 27%). Pois Lula teve sua maior queda nesta última faixa (de 47% para 41%).
Em seguida, a escolaridade. Alckmin teve sua melhor performance entre eleitores portadores de diploma universitário (31% para 41%) e os que possuem da 5ª à 8ª séries do ensino fundamental (16% para 27%). Pois foi neste último grupo que se observou a maior queda de Lula: de 51% para 44%.
Vamos em frente. Por região do país, repete-se a gangorra: onde Alckmin cresceu mais, Lula caiu mais. Nas Regiões Norte e Centro-Oeste, Alckmin passou de 14% para 31%, enquanto Lula caiu de 51% para 39%. Entre capital, periferia e interior, Alckmin cresceu mais no interior (19% para 28%), justamente onde Lula caiu mais (51% para 45%).
Por número de habitantes, curiosamente Alckmin teve seu maior crescimento nos grotões, municípios de até 20 mil habitantes, sede da principal clientela do Bolsa-Família. O ex-governador passou de 16% para 31%. E foi nos grotões que o presidente Lula teve sua maior queda: 61% para 41%.
Também diminuiu a diferença entre Lula e Alckmin num eventual segundo turno. Em junho, Lula tinha 53% e Alckmin 31% (diferença de 22 pontos percentuais). Agora Lula continua liderando com 48% enquanto Alckmin tem 39% (a diferença caiu para apenas nove pontos percentuais).
Quanto à rejeição, Lula continua sendo o candidato mais rejeitado, com 32% (eram 24% em junho), enquanto Alckmin se manteve estável, de 16% para 17%.
Todos estes números querem dizer o quê?
Primeiro, Lula permanece ganhando no primeiro turno, se considerarmos apenas os votos válidos, mas hoje o país está mais perto de um segundo turno do que estava em maio.
Segundo, os números parecem apontar para uma campanha mais disputada do que se imaginava há alguns meses.
Nada indica que Lula vá ser derrotado, ao contrário. O presidente continua exibindo números bastante robustos.
Mas sua situação é ligeiramente paradoxal. Ou Lula é aclamado no primeiro turno ou sua situação fica ligeiramente complicada no segundo onde apenas nove pontos percentuais o separam de Geraldo Alckmin.
A campanha animou.