O GLOBO
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O petróleo continuará nos próximos anos sem substituto, tendo apenas alternativas que reduzam percentualmente seu uso. A alternativa que vai crescer, continuando a ser a segunda fonte de energia para o mundo, será também poluente: o carvão. É o que diz a Agência Internacional de Energia nos cenários que acaba de divulgar para os próximos anos. Até 2030, o consumo de energia crescerá 71%. No cenário de menor crescimento econômico, o consumo vai aumentar 50%.
De cara, há dois problemas em relação ao cenário de aumento do consumo de petróleo e carvão previsto pela AIE: o crescimento da emissão dos gases de efeito estufa e a dificuldade de produção. No cenário da Agência, as fontes renováveis vão ficar praticamente com a mesma fatia do total de energia consumida no planeta, em todos os usos. Saem de 8% para 9% em 2030. O consumo de petróleo cai relativamente, mas aumenta muito em termos absolutos (veja gráficos abaixo).
A AIE trabalha com um cenário de referência e dois outros cenários: de baixo e alto crescimento econômico mundial. No de alto, o mundo crescerá a uma taxa de 4,6% ao ano nos próximos 24 anos. No de baixo, cresce a 3,1% e, no cenário de referência, a 3,8% ao ano. Em todas as alternativas, há crescimento do PIB mundial, portanto, aumento do consumo de energia e, em todas, o petróleo continua sendo a maior fonte, seguida do carvão. Ou seja, as emissões de gases poluentes vão continuar e é preciso combinar com o planeta e o Tratado de Kyoto ou o que se seguir a ele dentro da, cada vez mais forte, pressão por evitar a emissão de gases que estão contribuindo para as mudanças climáticas.
Cenário é cenário, não é previsão. É apenas uma suposição de como será o futuro se as hipóteses, hoje consideradas prováveis, confirmarem-se, mas os dados da AIE mostram um mundo cada vez mais faminto por energia, o que coloca para o planeta dois desafios: providenciar para que haja energia suficiente e trabalhar para a redução do dano que esse aumento de consumo produz.
No cenário médio da Agência, o mundo estará consumindo em 2015 um total de 98 milhões de barris de petróleo por dia. Em 2003, consumia 80 milhões e agora 83 milhões. Em 2030, serão 118 milhões de barris/dia. O mundo terá que providenciar 35 milhões de barris a mais por dia nas próximas duas décadas e meia. Atualmente, como disse David Zylbersztajn no site da coluna, consumo e produção estão quase equilibrados, ao contrário das crises de petróleo dos anos 70, em que houve uma deliberada redução de oferta para forçar a alta. Outra agência, a Internacional de Petróleo, acha que, no ano que vem, a capacidade ociosa vai crescer para 4%, mas isso ainda é pouco.
E o preço? Bom, a AIE trabalha com a hipótese de um preço entre US$ 47 e US$ 59, o que parece baixo para uma época em que já se paga quase US$ 80 por barril. Mas esse preço é 35% mais alto do que a previsão que a mesma agência fez no ano passado. Pela primeira vez, desde que ela começou a fazer esses cenários, em 1990, projeta-se um consumo do carvão mais rápido que o do gás natural. A mudança foi pela projeção de que o preço do gás tende a subir muito, tornando o carvão mais competitivo, principalmente na China. O país continuará sendo o que mais cresce e onde o consumo mais aumenta. E lá, o carvão é a única fonte de energia em abundância.
Nos cenários da AIE, o consumo de energia no Brasil cresce 2,8% no cenário de referência em que o PIB brasileiro cresceria a 3,5% ao ano; ou 2,9% de aumento de consumo para um PIB que cresceria 4,4% ao ano, ou, na pior hipótese de crescimento de PIB aumentando 2,5% ao ano, o país terá que providenciar energia para um aumento de consumo anual da ordem de 1,8%.
Os desafios são imensos porque será preciso ter combustível para toda essa fornalha de crescimento de energia aqui e no resto do mundo. Na China, o “baixo” crescimento é um aumento do PIB anual de 5,1%. Nesse cenário, o país aumentaria seu consumo de energia em 3,5% ao ano.
Num mundo assim, qualquer que seja o cenário, será inevitável enfrentar cada vez mais pressão pelo uso de combustíveis limpos. Pressão desejável, aliás.
Entrevista:O Estado inteligente
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