FOLHA
A compra da Brasil Ferrovias e da Novoeste Brasil pela ALL (América Latina Logística) é emblemática por várias razões. Primeiro, resolve um dos grandes pepinos da privatização, que foi o setor ferroviário. A Brasil Ferrovias, obra visionária de Olacyr Moraes, acabou enfrentando problemas sérios com a demora do governo do Estado de São Paulo em construir uma ponte com Mato Grosso.
O operador americano acabou saindo, e a companhia ficou nas mãos dos fundos de pensão e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Aí surgiu a primeira lição da privatização. Sempre que um grupo estrangeiro não coloca dinheiro, abandona o barco ao primeiro sacolejo.
Mas, sem o operador, a situação piorou ainda mais. O BNDES chegou a capitalizar seus créditos na empresa, mas os resultados não melhoraram. Havia o peso da dívida e a falta de uma gestão adequada.
Outro problema sério é que, assim como nas telecomunicações, ferrovia é um setor de capital intensivo que tem necessidade de escala. As ferrovias brasileiras são nanicas. A Brasil Ferrovias tem 1.800 km de extensão. A Novo Oeste, de Mato Grosso do Sul, também tem uma base pequena.
Nos Estados Unidos, os players ferroviários têm de 45.000 km a 90.000 km de ferrovias. A ALL tem 16.000 km de ferrovia, indo até a Argentina. Com a incorporação, sua malha superará os 20.495 km.
Ao adquiri-la, a ALL apresentou como handicap uma forte base de logística para permitir investimentos fortes. No porto de Santos, apenas 10% das cargas chegam via ferrovia.
O segundo ponto emblemático é dar visibilidade a um fenômeno que começa a mudar a face do país: a reciclagem da poupança, com os grandes gestores de carteira se voltando para a economia real.
Na primeira fase da privatização, imperou a arbitragem, a aquisição de ativos baratos financiados por meio de "project finance" -sistema pelo qual a receita do negócio serve para amortizar os financiamentos contraídos para sua aquisição. Depois, seguiu-se uma fase de ganhos fáceis, em cima dos escombros das privatizações malsucedidas -das quais o setor elétrico é o caso mais visível.
Agora, esses gestores começam a se dar conta de que investir em gestão e visão estratégica é bom negócio. Controlada pelo GP Investimentos, a própria ALL é um primor de visão estratégica. Para se consolidar no mercado, foi obrigada a entender a lógica dos concorrentes -caminhoneiros, cabotagem-, montar serviços adicionais, juntar transporte de longa distância com entrega ponto a ponto etc.
O papel desses fundos -tipo GP, Pactual e outros- seria dez vezes mais eficiente se houvesse regulação de fato no país. Com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o Banco Central e a Secretaria da Receita Federal inibindo o ganho fácil e as irregularidades, parcela muito maior de energia e recursos seria utilizada para financiar a próxima etapa do desenvolvimento e haveria maior credibilidade para o mercado de capitais cumprir efetivamente seu papel -e não apenas facilitar a colocação de papéis caros no mercado. Ou seja, em lugar do GP da Cemar (Centrais Elétricas do Maranhão) ou da Equatorial, o GP da ALL.
Entrevista:O Estado inteligente
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