Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 13, 2006

Crimes racistas alastram-se pelo norte da Europa Gilles Lapouge*

OESP


Anvers, o grande porto da Bélgica no Mar do Norte. Um jovem de cabelo raspado trajando um longo casaco preto passeia pelo centro da cidade. Ele está muito calmo. Quando cruza com uma mulher negra de 24 anos que conduz uma filhinha, ele as mata com uma arma calibre 9 mm.

Alguns segundos antes, havia atirado em outra mulher, uma turca, que está gravemente ferida. O jovem recarregou a arma e saía atrás de outro alvo quando um policial à paisana atirou e o feriu. No quarto do matador, encontraram material racista e uma caderneta onde o rapaz anunciava que faria uma carnificina "para restabelecer um pouco a ordem na sociedade".

Na mesma cidade, um marroquino de 50 anos foi encontrado morto, alguns dias antes, no porto. Em Bruges, outra cidade da Bélgica flamenga, um africano, atacado por skinheads (extremistas de direita, de cabeça raspada), está em coma.

O primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, ficou indignado e pelo rádio acusou a extrema direita - sobretudo da parte flamenga da Bélgica - de espalhar seu veneno racista dia após dia. Hoje se vêem os efeitos. Claro, o partido fascista e racista flamengo Vlaams Velang defendeu-se: tem horror ao racismo!

Na Rússia, as grandes cidades têm sido palco de repetidos crimes racistas. Dez pessoas foram mortas por causa da cor da pele no ano passado. Este ano, o ritmo se acelerou. Os assassinatos são cometidos geralmente à luz do dia, e à faca.

Os skinheads proliferam no país. Calcula-se que sejam 50 mil em Moscou, São Petersburgo e outras grandes cidades. A polícia persegue os assassinos sem entusiasmo. O povo russo não tem se mostrado chocado com esses horrores: 58% da população russa se declaram favoráveis a uma Rússia expurgada de todos os estrangeiros, sobretudo de negros. Quando por acaso um desses criminosos é preso, toma-se o cuidado de assegurar que não se trata de um racista.

A Dinamarca não escapou do flagelo, como se constatou no episódio das caricaturas de Maomé num grande jornal de Copenhague, o Jyllands Posten.

Na Holanda, depois que um cineasta conhecido por suas posições racistas foi morto por um fanático muçulmano, skinheads incendiaram mesquitas.

*Gilles Lapouge é correspondente em Paris


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