Entrevista:O Estado inteligente

sábado, outubro 01, 2005

VALDO CRUZ Falta de vergonha

 BRASÍLIA - A cada escândalo, o discurso é o mesmo tanto entre acusadores como entre acusados: o país precisa passar por uma reforma política e eleitoral profunda a fim de reduzir ao máximo a corrupção.
A cada final de escândalo, o resultado também é semelhante: as promessas de mudanças profundas em nossa legislação eleitoral ficam no discurso. No máximo, adotam-se algumas medidas tópicas, paliativas.
Infelizmente, tudo indica que não será diferente desta vez. Explodiu o caso do "mensalão", expondo o PT e seus aliados num esquema gravíssimo de caixa dois, e mais uma vez o Congresso não vota medidas que poderiam evitar novas falcatruas.
Até que foram propostas medidas moralizadoras e corretivas. Só que terminou ontem o prazo para que algumas delas fossem votadas a tempo de vigorar na próxima eleição.
Daí que os custos de campanha continuarão exorbitantes, já que não será aprovado o projeto que reduzia os gastos eleitorais com a proibição de showmícios e de megaproduções nos programas de TV.
Também não foi aprovada até hoje a tal da fidelidade partidária, mantendo a farra do troca-troca de partidos, espetáculo novamente em cartaz país afora.
Sem a fidelidade, boa parte dos parlamentares ainda será tratada - com muito prazer, por sinal- como mera mercadoria. Leva quem se dispuser a pagar o melhor preço.
Agora, fala-se na aprovação de uma emenda constitucional que permitiria promover alterações na legislação eleitoral até o final do ano, abrindo uma exceção para que elas vigorem no próximo pleito. Dizem que o objetivo é justo. Não passa de um casuísmo. É assim que se começam a trilhar caminhos perigosos. Abrindo exceções em nome de causas consideradas justas. Podem até ser hoje, mas, amanhã, quem sabe?
Por que não votar as medidas mesmo que não valham para 2006? O fato é que, de novo, interesses particulares prevalecem sobre o coletivo.

Arquivo do blog