FOLHA DE S PAULO
Os dois possíveis acontecimentos de maior significação para o país, neste ano, juntam-se ao rol das oportunidades perdidas. As CPIs dos Correios e do Mensalão, fontes da esperança de uma limpeza moralizadora para valer, degringolaram e delas, sobretudo da primeira, não se devem esperar resultados de decência razoável. De outra parte, o projeto modificador da lei eleitoral, para reduzir a corrupção feita pelo dinheiro ilegal nas campanhas, teve o seu prazo expirado sem ser votado pela Câmara dos Deputados.
A deterioração das CPIs provém de dois fatores principais. O primeiro, menos decisivo, é que a ordinarice do esquema operado sob direção do PT levou a uma quantidade perturbadora de ramificações e de documentação. Caso mais integrantes das CPIs se incorporassem às investigações de fato, em vez de apenas se exibirem para tevês, o problema estaria resolvido ou quase isso. Mas trabalhar não é forte da Casa.
O fator mais determinante é que a bancada petista faz tudo o que é possível para retardar, desviar e impedir o avanço das CPIs. Os seus métodos se agravam, e, de guardiães dos companheiros petistas e aliados metidos nas falcatruas, aqueles parlamentares já passaram a verdadeiros guarda-costas, nas CPIs, de corretores, banqueiros e doleiros componentes comprovados ou prováveis do esquema de corrupção política.
O último desses episódios é espantoso até para quem nada mais esperasse de positivo da bancada petista. A senadora catarinense Ideli Salvatti comandou, à vista e ouvidos de outros parlamentares, a retirada dos petistas para evitar o número de presenças que levaria à inquirição de corretores. Nesses tempos valérios, tamanha defesa do "setor financeiro" do esquema não permite certeza sobre as motivações petistas, se apenas de proteção conivente a companheiros incriminados ou se com motivos mais sólidos. A cada sessão da CPI, os retirantes Ideli Salvatti, Maurício Rands e Carlos Abicalil avançam mais - para baixo.
Sempre em busca do que fazer fora do gabinete de trabalho, Lula aproveitou a Feira de Agricultura Familiar e Reforma Agrária - duas atividades em que seu governo é um fracasso vergonhoso - para expelir mais uma de suas pérolas falsas. "Se dependesse de mim", disse ele, "a reforma política sairia. Todo mundo hoje tem consciência de que é preciso fazer a reforma eleitoral".
Se for isso mesmo, há pelo menos uma pessoa que não tem tal consciência: Lula. Em seus quase três anos na Presidência, Lula não adotou nenhuma iniciativa presidencial nem de determinação à sua "base aliada" em favor da reforma política ou da reforma apenas eleitoral. Pior do que passividade, a Presidência e o PT trataram de evitá-las nestes quase três anos.
Suas pérolas jamais são solitárias: "Se a política não for moralizada em sua base, a gente dificilmente conserta o resto". Não é a base, é a cúpula que desmoraliza a política, por sua própria desmoralização. A Presidência da República, por exemplo, seria um ótimo ponto de partida para moralizar-se a política. Como primeiro passo correto, não mais comprando deputados com cargos de onde vão colher vantagens, nem mais os comprando com as verbas orçamentárias que lhes rendem, nos melhores casos, muitos votos à custa do Tesouro Nacional; nos outros casos, brilhantes comissões pagas pelos interessados em realizar as obras. Com essas práticas, a eleição da presidência da Câmara foi corrompida e decidida no Palácio do Planalto.
Salva-se apenas a minoria nas cúpulas do governo, do Congresso e dos setores influentes da vida empresarial. É apenas lógica que daí para baixo tudo se irradie até chegar, como afirmação da sua autenticidade brasileira, até aos campos de futebol.
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