Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, outubro 13, 2005

CLÓVIS ROSSI Palhaçada

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 SALAMANCA - Já escrevi, neste espaço, que, ao aceitar convites para participar de dois seminários, um em Bruxelas e, agora, em Salamanca, a intenção oculta era pôr um oceano de distância com a crise brasileira, enjoativa como ela é. Mas é impossível escapar sempre dela.
O choque causado pela transfiguração do PT -de dono exclusivo da ética pública em campeão de trambiques- é forte demais para não ecoar além-Atlântico.
Ontem mesmo, em uma sessão do 11º Foro Eurolatino-americano de Comunicação, o que me trouxe a Salamanca, María Emma Mejía, ex-chanceler da Colômbia, estava falando sobre negociações comerciais Europa-América Latina, mas não deixou de enfiar no meio o enfraquecimento de Lula e do PT.
Pouco depois, abro o jornal e trombo com o título "Caixa 2 deveria cassar todos, diz Alencar".
Virou escracho. Primeiro, o próprio presidente da República diz que o uso do caixa dois é sistemático nas eleições brasileiras, mas ele, que deveria ser o primeiro zelador da moralidade pública, não dá a menor bola.
É crime, porque quem recebe pelo caixa dois, ou declara à Receita o que recebeu (coisa que os "mensaleiros" não fizeram) ou está sonegando. Mas o presidente da República, que deveria ser o maior interessado em velar para que a Receita receba tudo o que deve, pouco se importa.
Agora, vem o vice e até se inclui na lista dos "cassáveis", junto com "todo mundo", pelo mesmo crime.
Como todos continuam soltos, só se pode concluir que o governo está legalizando o caixa dois.
Afinal, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, já disse que caixa dois é coisa de bandidos. Como o "todo mundo" de Alencar, inclusive ele próprio, ainda está solto, de duas, uma: ou o ministro da Justiça é um tolinho que deveria demitir-se ou caixa dois é coisa de gente fina, não de bandidos. Pelo menos para o governo Lula.

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