Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, outubro 14, 2005

CLÓVIS ROSSI Efêmeros e solitários

FSP
 SALAMANCA - A "Tribuna de Salamanca" publicou ontem fotos das 14 cúpulas ibero-americanas anteriores, das quais chama a atenção a de 1992, também na Espanha.
Dos oito chefes de governo/Estado que surgem na primeira fila, sobrou, como figura relevante, apenas o rei Juan Carlos. Pior: quatro dos oito foram mandados ao ostracismo por escândalos de corrupção. A saber: Fernando Collor de Mello (Brasil), Felipe González (Espanha), Carlos Salinas de Gortari (México, hoje foragido) e Carlos Saúl Menem (Argentina, ex-preso, ex-foragido).
Foi em 1992, faz, portanto, apenas 13 anos. Parece incrível como essa gente passa das pompas do poder para a obscuridade tão rapidamente. Pior: a maioria deles (Collor, Menem, Salinas de Gortari) foi aclamada nos salões das elites locais e internacionais como os grandes modernizadores de suas pobres pátrias.
Fico imaginando o que será, dentro de dez, 12 anos, dos governantes que aparecerem agora na famosa foto tipo "álbum de família", um clássico de reuniões de cúpula. Na América Latina, é uma boa aposta imaginar que estarão destinados ao olvido.
Por falar nisso, o "álbum de família" é dos raros momentos em que os governantes ficam à vista dos jornalistas. Nada na programação da cúpula de Salamanca prevê a presença da mídia impressa (só fotógrafos e câmeras). Mesmo as sessões de debates, cuja divulgação justificaria a viagem até Salamanca, são fechadas. Depois querem que o público dê alguma importância a esse tipo de evento, que até um de seus participantes, o colombiano Álvaro Uribe, chama de "turismo presidencial".
Vai ver que querem aproveitar o cargo enquanto não caem em desgraça ou no esquecimento por fadiga de material.
Só Fidel Castro (Cuba) e Hugo Chávez (Venezuela) arriscar-se-ão ao chamado banho de multidão, em comício amanhã. Depois, os outros reclamam quando a dupla aparece mais que os colegas.

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