Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, junho 15, 2005

FERNANDO RODRIGUES :Caminho das pedras

folha de s paulo
 BRASÍLIA - É fácil Lula desmontar Roberto Jefferson. Ou comprovar a veracidade do que diz o deputado do PTB. Basta ao presidente da República incentivar a abertura de um processo judicial para quebrar o sigilo bancário de todos os saques em dinheiro acima de R$ 200 mil realizados nos meses de maio, junho e julho de 2004 nas agências do Banco do Brasil e do Banco Rural.
Ao relatar um crime que ele próprio cometeu -ter recebido R$ 4 milhões em dinheiro, sem recibo nem descrição de origem-, Roberto Jefferson afirmou ontem que o numerário vinha embalado em etiquetas do Banco do Brasil e do Banco Rural. Foram duas parcelas. Uma de R$ 2,2 milhões e outra de R$ 1,8 milhão.
Esse é o detalhe objetivo mais valioso do depoimento do presidente do PTB à Comissão de Ética da Câmara. A não ser que o portador do dinheiro tenha sido laborioso a ponto de forjar as etiquetas que embalavam os R$ 4 milhões, certamente será possível chegar às contas bancárias que deram origem a essa fortuna.
São raros saques de R$ 4 milhões em dinheiro. Mesmo valores acima de R$ 200 mil em espécie são facilmente localizáveis no sistema bancário brasileiro, um dos mais informatizados do planeta. É impossível tal quantia ter saído de algum banco sem deixar rastro.
Ao oferecer esse detalhe quase prosaico das etiquetas do dinheiro que diz ter recebido do PT, Roberto Jefferson explicitou mais uma vez sua tática. A cada depoimento, apresenta um detalhe novo. Na segunda entrevista à Folha, já havia avançado sobre a anterior. Ontem, foi o Jefferson versão 1.3. Caminhou mais.
"Nós estamos vivendo apenas o primeiro momento", disse o petebista ontem. É verdade. Mas, diferentemente da CPI do Collorgate, a investigação atual já começa do ponto onde aquela havia terminado. No início dos anos 90, o mundo caiu quando chegou-se ao presidente da República. Agora, fala-se abertamente que Lula há tempos foi informado sobre o "mensalão". É grave a crise.

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