Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 02, 2005

Falta transparência no uso de cartões de crédito

É duro ser governo.
Hoje você está empenhado em abortar uma CPI criada para apurar roubalheira nos Correios. Amanhã terá de dar um jeito para disfarçar os gastos com o uso de cartões de crédito corporativos.
Contra o voto dos senadores que apóiam o governo, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou ontem 36 requerimentos apresentados pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio, pedindo informações sobre os gastos com o uso de tais cartões. Deles desfruta a nata da nata do governo - ministros e funcionários do primeiro e segundo escalões.
Da Folha de S. Paulo, hoje:
"A polêmica sobre o uso dos cartões corporativos ocorre porque o Tribunal de Contas da União realizou uma auditoria apontando "falta de transparência" nos gastos feitos no cartão. Isso porque as despesas não ficam discriminadas no sistema de acompanhamento de gastos federais. Consta apenas o pagamento da fatura ao Banco do Brasil.
Além disso, haveria risco de burlar a exigência de licitação para compras públicas, quando o gasto é superior a R$ 8.000.
Reportagem da Folha em 23 de janeiro mostrou que os gastos com cartões na Presidência haviam disparado no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
No último ano do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), quando o uso de cartões foi autorizado, a fatura dessa modalidade de pagamento somou R$ 1,3 milhão. No ano seguinte, primeiro do governo Lula, os gastos foram multiplicados por sete.
Ao defender o uso de cartões corporativos, Aloisio Mercadante, líder do governo no Senado, insistiu na maior eficiência e controle nos gastos feitos dessa forma. Segundo a vice-líder do PT, Ideli Salvatti (SC), gastos em dinheiro "não deixam rastro", ao contrário dos cartões.
Porém outra reportagem da Folha, de fevereiro, mostrou que o uso desses cartões para saques em dinheiro superou as despesas faturadas em crédito. Assim, é anulada a vantagem que a fatura dá em termos de transparência.
Nos dois primeiros anos do governo, os gastos com cartões de crédito corporativos da Presidência somaram R$ 16,7 milhões. No segundo semestre de 2004, em toda a União, foram R$ 6 milhões em saques contra R$ 3,7 milhões em despesas faturadas.
O sigilo do uso da verba pública do Planalto é assegurado por ato de 2003 do Gabinete de Segurança Institucional, sob argumento da segurança do presidente"
BLOG Ricardo Noblat

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