SÃO PAULO - Foi há escassos 20 dias, quando a crise ainda não era chamada de crise pelos governistas. No site com o qual colabora, escrevia Ricardo Kotscho, amigo leal do presidente da República, seu assessor de imprensa em todas as campanhas presidenciais e também no governo até recentemente:
"O vento virou e só eu não percebi -eu e muitos amigos do governo em que trabalhei nos últimos dois anos. (...) Não me dei conta da radical mudança no tempo, que virou de vez o humor das pessoas".
Bem-vindo de volta ao planeta Terra, caro Ricardo. Mas faça um favor para seus muitos amigos do governo: telefone urgentemente para todos eles e conte-lhes que não foi apenas o humor das pessoas que mudou. Os fatos mudaram, sempre para pior para o governo. Até o escândalo dos Correios, havia corrupção numa empresa estatal que o governo/PT, em vez de mandar apurar, preferiu tentar abafar. Perdeu.
Veio a denúncia de Roberto Jefferson sobre o "mensalão". O governo/ PT limitou-se a festejar o fato de Jefferson dizer não ter provas.
Perdeu de novo. Nas últimas 48 horas, apareceram uma secretária com declarações que parecem confirmar a saída de pacotes de dinheiro, tal como Jefferson denunciou, uma deputada licenciada do PSDB que conta ter recebido proposta de suborno para mudar para a base governista e o secretário-geral do PP, Benedito Domingos, dizendo ao "Estadão" que o "mensalão era pago no apartamento de Janene", conforme o título na capa do jornal.
Janene é o líder do PP, acusado por Jefferson de operar o "mensalão".
A história, que já era verossímil, apesar da inverosimilhança do deputado acusador, começa a se encaixar peça a peça. Mas o governo fica brincando de "MP do Bem". Ou de Ilha Fiscal, em que a corte bailava enquanto a monarquia desmoronava?
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