Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quarta-feira, junho 01, 2005
Miriam Leitão:Não é a economia
A economia brasileira vai bem e poderá passar pela turbulência de uma CPI. Desta vez, não há crise externa, corrida contra a moeda, reformas importantes sendo votadas no Congresso; os biombos nos quais os governos sempre quiseram se esconder de CPI. Pelo contrário: o remédio institucional mais efetivo será mostrar que os responsáveis por abusos serão punidos. A economia nunca deve ser impedimento a que se apurem os fatos obscuros. Muito menos agora, quando está bem.
Do que vimos de CPIs passadas, elas podem servir, sim, de palanque eleitoral e exageros. O PT conhece bem a fórmula pela qual uma necessária investigação vira um palanque. Mas, no fim, o que fica é o que tem consistência. O histrionismo é espuma, faz impacto na hora, depois se desfaz. Os fatos que vimos relatados nos jornais e revistas dos últimos dias são absurdos intoleráveis. O risco que o país correria era a sensação do cidadão de que tudo fica por isso mesmo no país da pizza.
Na economia, o Brasil teve ontem uma boa notícia: a inflação medida pelo IGP-M caiu para o negativo. Foi deflação de 0,22%. Isso aumenta a esperança de que a torturante onda de aperto monetário tenha chegado ao fim. Foram nove meses de alta de juros, que elevaram a taxa quase quatro pontos percentuais; uma enormidade para padrões internacionais.
Hoje vai ser divulgado o PIB do primeiro trimestre. Em geral, o mercado acredita que será um crescimento pequeno; uns estão mais, outros estão menos otimistas. O professor Luiz Roberto Cunha, da PUC, acredita que deve ficar em 0,5%, ou um pouco menos, o crescimento dessazonalizado. No quarto trimestre, o crescimento foi de 0,4% contra trimestre anterior, mostrando redução do ritmo em relação ao melhor momento do ano passado. Agora ficaria de novo nesta faixa. Isso ainda é compatível com um crescimento entre 3% e 3,5% no ano.
— O número a ser observado é o do investimento. Acredito que pode haver queda do investimento de 2%. Em parte, porque a quebra da safra reduziu o investimento em máquinas agrícolas, mas em parte porque está havendo uma redução do investimento de forma geral — diz o professor.
O economista Roberto Padovani, da Tendências, também acredita em algo semelhante:
— Nossa previsão para o PIB dessazonalizado é de 0,4%; o que dá 3,6% no trimestre contra o mesmo trimestre de 2004 e 1,6% anualizado. É impressionante como o dado trimestral anualizado vem perdendo força. Uma das razões é que acabou o impulso da queda de dez pontos percentuais nos juros que houve entre 2003 e 2004. A grande dúvida que divide os economistas é quanto ao investimento, que vem caindo nos últimos dois trimestres. Aqui na Tendências, nós achamos que a renda fará com que ele reaja.
Os dados de amanhã serão olhados em minúcias e há divergências entre economistas sobre o ritmo com que a economia está andando. Luiz Roberto acha que, se o investimento continuar caindo, pode ser sinal de dosagem forte demais nos juros:
— O Banco Central repetiu novamente na ata de maio que ficou surpreso com as vendas de duráveis. O que todos têm dito é que a expansão do crédito está tornando menos efetiva a política monetária, e ela pode estar afetando apenas o investimento — afirma.
Segundo o professor, os dados mostram é que os problemas da economia estão na economia; e não na política.
A maioria dos analistas acha que os números mostrarão que não há risco de que o nível de atividade excessivamente forte exija novas altas de juros. Portanto, apesar do que trouxe a última ata do Copom, os juros deverão ficar estáveis em junho. A impressão será confirmada se os índices ao consumidor começarem a mostrar a mesma queda já registrada nos índices do atacado. O que pode acontecer no IPCA de maio, que será divulgado dia 10 de junho.
Ontem o país mostrou um impressionante superávit primário em abril, de R$ 16,335 bilhões, derrubando um pouco mais a relação dívida/PIB para 50%. O Brasil cresce diminuindo o ritmo excessivo que tanto preocupava o BC; a inflação está cedendo; o dólar está baixíssimo e isso começa a se refletir nos índices de inflação. Ou seja, vai tudo bem na economia. O espantoso, como sempre, é o fato de o governo com tal conjuntura econômica produzir um tsunami político em que a onda se eleva semana após semana.
A política não faz economia nos problemas. O governo erra, erra e depois, cansado de tanto errar, erra de novo na condução da sua relação com o Congresso, nas suas indicações políticas para cargos nevrálgicos da administração pública e, assim, vai dilapidando seu capital de forma devastadora.
O que a população tem deixado claro de todas as formas é que não tolerará mais episódios como esse do ex-chefe do Departamento de Administração e Contratação dos Correios, Maurício Marinho. Na reportagem publicada no GLOBO no fim de semana, o repórter Francisco Leali mostrou que Marinho tentou fraudar compra de sapato. O caso é exemplar porque o que se vê é um funcionário do governo organizando um cartel de fornecedores, conspirando contra os cofres públicos e aumentando os lucros da empresa privada. Mesmo se não houver qualquer comissão, aquilo lá já é crime suficiente. Exige uma boa apuração.
o globo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
junho
(405)
- Governo de coalizão ou monopólio político?
- Augusto Nunes - Especialista em retiradas
- Miriam Leitão :Melhor em 50
- Merval Pereira :Radicalizações
- Sai daí, Henrique, rápido!-PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
- LUÍS NASSIF:O ajuste fiscal da Fiesp
- Lula lança pacote anticorrupção "velho"
- JANIO DE FREITAS :Um escândalo no escândalo
- ELIANE CANTANHÊDE:ELIANE CANTANHÊDE
- CLÓVIS ROSSI:O Pinóquio da estrela vermelha
- A CADA DIA MAIS GRAVE editorial da folha
- Caixa dois de Furnas engorda propinas do PT, diz J...
- Lucia Hippolitto: Quem manda na República
- Cunhado de Gushiken fatura mais com estatais
- Guilherme Fiuza:Dilma, uma miragem
- Lucia Hippolitto:PMDB nada tem a ganhar se unindo ...
- Villas Boas Lula está sempre atrasado
- DESASTRE POLÍTICO editorial da folha de s paulo
- Fernando Rodrigues - Descontrole quase total
- Merval Pereira - Quadro instável
- Míriam Leitão - Déficit zero
- Tereza Cruvinel - Reforma, apesar da recusa do PMDB
- Luís Nassif - O Grupo "Máquinas e Planilhas"
- Dora Kramer - Publicidade na Câmara
- CLÓVIS ROSSI: O velho morreu, viva quem?
- Tereza Cruvinel - A CPI decola
- Dora Kramer - Casa, comida e roupa lavada
- Lucia Hippolito:"O mistério é pai e mãe da corrupção"
- Um original criador de bois
- LUÍS NASSIF: O tsunami e a economia
- O despertar da militância
- ELIANE CANTANHÊDE:Cadê a mentira?
- CLÓVIS ROSSI: Desânimo continental
- QUEBRA DE PATENTE editorial da folha de s paulo
- AUGUSTO NUNES :Governar é decidir, presidente
- O Congresso não enxerga o abismo -AUGUSTO NUNES
- Luiz Garcia :Falemos mal dos outros
- Arnaldo Jabor :Houve mais uma revolução fracassada
- Miriam Leitão :No descompasso
- Merval Pereira:Normas para a Polícia Federal
- Crise pode afetar a governabilidade
- O dicionário da crise
- A aula magna da corrupção
- O assalto ao Estado
- O homem do dinheiro vivo
- Muito barulho por nada
- Os cofrões do "Freddy Krueger" A ex-mulher de Vald...
- Irresponsabilidade aprovada
- Diogo Mainardi:Dois conselhos ao leitor
- André Petry:Os cafajefferson
- GESNER OLIVEIRA:Agenda mínima para 2005/06
- SERGIO TORRES :Quem sabe?
- FERNANDO RODRIGUES:Gasto inútil
- CLÓVIS ROSSI :A culpa que Genoino não tem
- LULA NA TV editorial da folha de s paulo
- JOÃO UBALDO RIBEIRO :Já não está mais aqui quem falou
- ELIO GASPARI:Circo
- Miriam Leitão :Cenário pior
- O PT e o deslumbramento do poder
- Luiz Carlos Mendonça de Barros : vitória sobre a i...
- Merval Pereira :Controles frouxos
- Ricardo Kotscho:Navegar é preciso
- Villas-Bôas Corrêa:Com CPI não se brinca
- Merval Pereira - Traição e ingratidão
- Míriam Leitão - Diagnósticos
- Luiz Garcia - Onze varas para onze mil virgens
- Celso Ming - Você é rendeiro?
- Tereza Cruvinel - Uma brisa
- Luís Nassif - Te direi quem és!
- Clóvis Rossi - Vergonha
- Eliane Cantanhede - Ao rei, quase tudo
- Dora Kramer - O sabor do prato servido a frio
- entrevista Marcos Coimbra - blg noblat
- Lucia Hippolito :Crise? Que crise?
- augusto nunes Palavrório na estratosfera
- Lucia Hippolito : A face mais bonita da esquerda
- JANIO DE FREITAS: Palavras em falta
- DEMÉTRIO MAGNOLI:Fim de jogo
- CLÓVIS ROSSI :Bravata ontem, bravata hoje
- Miriam Leitão :Estilo direto
- Merval Pereira :Contradições
- Dora Kramer - Aposta no país partido
- Lucia Hippolito : O risco da marcha da insensatez
- Fim de mandato?-PAULO RABELLO DE CASTRO
- ANTONIO DELFIM NETTO:Coragem política
- PLÍNIO FRAGA :O super-homem e a mulher-macho
- FERNANDO RODRIGUES:A utilidade de Roberto Jefferson
- CLÓVIS ROSSI :O torturador venceu
- ABUSOS DA PF folha editorial
- zuenir ventura Haja conselhos
- ELIO GASPARI:Ser direito dá cadeia
- Merval Pereira :Em busca de saídas
- Miriam Leitão : Reações do governo
- Zuenir Ventura:Choque de decência
- Lula:"Os que torciam pelo desastre do governo teme...
- Dora Kramer - A repetição do erro na crise
- LUÍS NASSIF:Os conselhos fatais
- JANIO DE FREITAS :Cortina de fumaça
- ELIANE CANTANHÊDE:Direto de Marte
- CLÓVIS ROSSI:Olhando além do pântano
-
▼
junho
(405)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário