O Estado de S. Paulo - 02/05/2010
A Síria forneceu mísseis Scud para a milícia xiita libanesa do Hezbollah? Essa foi a acusação feita pelo presidente israelense, Shimon Peres, dias atrás. Desde então, o Oriente Médio está em ebulição. A começar por Beirute, capital do Líbano, que sempre teme as ações do Hezbollah em seu território. E é o caso também de Israel, cujo Exército, em julho de 2006, lançou uma ofensiva militar contra a milícia libanesa.
Essa ofensiva durou 34 dias. Do lado libanês, 1.200 mortos, sobretudo civis. Do lado israelense, 160 soldados perderam a vida. Pela primeira vez, o Tsahal, o Exército de Israel, não ganhou uma guerra. Uma lembrança amarga. Além disso, o Hezbollah lançou 4 mil foguetes com alcance de 250 a 300 quilômetros e alguns atingiram cidades israelenses.
É compreensível que o anúncio feito por Shimon Peres provoque pânico. Os Scuds-D do Hezbollah são engenhos bem mais perigosos do que os foguetes usados no verão de 2006. Os mísseis, fabricados na Rússia e na Síria, tem um alcance de 500 quilômetros, o que permitiria à milícia atingir quase qualquer ponto do território israelense. Além disso, esses foguetes podem transportar uma carga química ou biológica.
No momento, nada está confirmado. Washington, ao ter conhecimento dessas suspeitas, está mais circunspecto. Os europeus são mais céticos. Segundo eles, os mísseis têm 11 metros de comprimento na sua versão mais elementar. Como os drones e os aviões espiões israelenses que sobrevoam cotidianamente o espaço aéreo libanês (violando, aliás, as resoluções das Nações Unidas) não perceberam nada?
Se a informação for incorreta, ela não tem nenhum sentido. Conviria, então, saber quem a originou e quais foram as razões. Em Beirute, o primeiro ministro Said Hariri observou que "todos os anos, no início da nossa temporada de turismo, Israel lança novas ameaças". Outros libaneses são mais alarmistas: "Israel jamais aceitou sua derrota, em julho de 2006, e procura um pretexto para atacar novamente o Líbano", dizem.
E a Síria? Certamente, ela nega ter fornecido os mísseis Scud. No entanto, há algum tempo tem se observado a agressividade do presidente Assad. Ele foi protagonista de inúmeros protestos bastante desordenados por parte da França, da União Europeia, da Arábia Saudita e, enfim, dos americanos.
Assad estaria tomado por uma espécie de "embriaguez triunfalista", o que o teria feito perder a noção de prudência. Ele estaria muito irritado com as iniciativas de Washington de isolar a Síria do Irã.
Um fato confirma isso: no fim de fevereiro, depois de receber William Burns, figura do alto escalão da política americana, o líder sírio ofereceu um banquete ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e ao chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah. Durante o jantar, Assad teria ridicularizado cruelmente os esforços de Washington para afastar a Síria do Irã.
As intenções israelenses são ainda menos claras. Alguns acham que Israel pretende, de fato, lançar uma operação contra o Líbano para destruir os foguetes do Hezbollah (tanto os eventuais Scuds como outros foguetes similares aos lançados em 2006, cujo número chegaria a 40 mil). Por que Israel deseja destruir o arsenal de foguetes do Hezbollah? Porque isso lhe propiciaria um tempo durante o qual as cidades israelenses não estariam mais na mira dos foguetes. E, assim, Israel poderia investir contra o Irã sem ser ameaçado por represálias imediatas por parte do Hezbollah, aliado dos iranianos.
Complicado? Nem tanto. O fato é que estamos no Oriente Médio. E a obsessão de Israel, além de todas as ameaças que o rodeiam, é sempre a mesma: o eventual desenvolvimento de uma bomba nuclear pelo regime iraniano. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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