Goles de juventude
O resveratrol, encontrado no vinho tinto, retarda
o envelhecimento, segundo uma pesquisa americana
Anna Paula Buchalla
Pedro Rubens |
Nenhuma bebida atrai tanto a atenção da medicina quanto o vinho tinto. Seu consumo está associado a uma série de benefícios à saúde. A mais recente descoberta sobre a bebida estende seus efeitos ao aumento da expectativa de vida – ao menos em ratos. Isso graças ao resveratrol, substância com propriedades antioxidantes e antiinflamatórias encontrada na casca e nas sementes das uvas vermelhas. O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica PLoS One, revelou que não são necessárias doses altas de resveratrol para que a substância tenha ação antienvelhecimento. "Em baixas quantidades e consumido a partir dos 40 anos, já é possível obter os benefícios antiidade", diz um dos autores do trabalho, o brasileiro Tomas Prolla. O processo pelo qual o resveratrol retarda o envelhecimento se dá pelos mesmos mecanismos da restrição calórica. Vários trabalhos (também em animais) já provaram que uma redução de 20% a 30% nas calorias consumidas diariamente aumenta em até 40% a longevidade – sem os efeitos mais perniciosos do envelhecimento. Em ambos os casos, há uma alteração num conjunto de centenas de genes envolvidos na degradação celular.
A aposta da medicina no resveratrol é alta. Na semana passada, a gigante do setor farmacêutico GlaxoSmithKline pagou 720 milhões de dólares pelo laboratório Sirtris, que desenvolve medicamentos baseados em moléculas análogas à do resveratrol. O fundador do Sirtris, o médico David Sinclair, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, descobriu que o resveratrol também age em outra frente antiidade: estimula a produção e o funcionamento de uma família de enzimas conhecidas como sirtuínas, que agem como guardiãs das células. Em quantidades elevadas, essas enzimas tornam-se mais eficientes no reparo do DNA e, assim, prolongam a vida das células. Beber vinho faz bem, mas, quando se fala em doses moderadas, não cabem aí subjetividades. O ideal são poucos copos por semana para todo mundo. "O consumo excessivo da bebida neutraliza seus benefícios. Adquire-se peso e, na pior das hipóteses, cirrose", diz o cardiologista Daniel Magnoni.
Os benefícios atribuídos ao vinho
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