Em dezembro de 2003, o País tinha US$ 49,296 bilhões em reservas brutas e devia cerca de US$ 30 bilhões ao FMI - as reservas líquidas eram, portanto, de US$ 20 bilhões e foram multiplicadas por dez em quatro anos e meio. Ainda assim são da ordem de 17% do PIB de 2007 (ou 14% do PIB projetado para 2008), inferiores às de outros países emergentes (Coréia do Sul, Índia, Rússia e China), com reservas equivalentes a 28% até 54% do PIB, segundo dados do primeiro trimestre.
Aparentemente, o custo de manter as reservas é alto porque, como o governo tem déficit nominal, emite títulos para comprar dólares que são aplicados no exterior com remuneração inferior àquela que paga pelos títulos que emite em reais. Mas como mostrou o BIS, ao analisar a situação de 12 países emergentes, isso não ocorre só com o Brasil. A Rússia gasta 0,7% do PIB para manter reservas; a Coréia, 0,4%; a Índia, 0,3%; e a Nigéria, 1,1%.
Com reservas acumuladas de US$ 4,5 trilhões, os países emergentes serão menos afetados por um desaquecimento da economia mundial que prejudique suas exportações.
A vantagem de ter um nível elevado de reservas está na sua contrapartida: o baixo risco cambial. Sem isso, o País não teria obtido o grau de investimento das agências Standard & Poor?s e Fitch Ratings.
A melhor medida da situação cambial é o risco País, que já se aproxima dos níveis da Rússia e do México. Atraindo mais investimentos diretos (que passaram de US$ 15 bilhões, em 2005, para US$ 34,6 bilhões, em 2007) e captando recursos a custos razoáveis, o Brasil conviverá melhor com o déficit das contas correntes do balanço de pagamentos, projetado em US$ 23,3 bilhões, neste ano, no último boletim Focus divulgado pelo BC, com as expectativas dos agentes econômicos.
Reservas altas são um seguro contra o déficit em conta corrente. Significam o preço a pagar até que haja superávit nominal das contas públicas, permitindo que se reduzam os juros e os custos fiscais.