Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, junho 10, 2008

Luiz Garcia - Oremos



O Globo
10/6/2008

Voto é algo que se conquista como direito e se exerce como obrigação.
Isso continua sendo bonito de se dizer - tanto que ninguém agüenta mais ouvir -- mas às vezes a lista de candidatos e legendas parece rol de lavanderia: uma relação de coisas sujas. Dessas que a gente mal se anima a tentar lavar.

Seria esse o caso do quadro de candidatos a prefeito do Rio? É proibido generalizar. Mas muita gente anda dizendo que os bons nomes da lista de prefeitáveis cariocas são minoria e têm as chances, como dizem no estrangeiro, de um floco de neve no inferno.

Votamos assim mesmo? Votamos, claro. Para marcar posição, como deve ser. Quem sabe, com isso a gente não planta uma sementinha ou outra?

Todo mundo diz - ou, mais garantido, dizia até o jornal de ontem - que ninguém pode tirar a vitória do senador Crivella, bispo que se diz licenciado da Igreja Universal. As pesquisas confirmam sua vantagem, mas será isso uma situação tão inabalável que justifique as recentes trapalhadas da dupla PMDB/PT?

O PMDB já teve como candidato o deputado Eduardo Paes, recrutado dos demos (que nome, que nome!) para em seguida ser desprezado em benefício de um moço do PT, Alessandro Molon, de carreira até então discreta.

Parece que realmente discretíssima, tanto que até a semana passada o moço já estava sendo preterido pelo comando do partido em benefício do Paes acima citado, tão recentemente defenestrado.

Mas, nada de conclusões precipitadas: PMDB e PT abriram esta semana preparando uma troca de Paes e Molon por ninguém.

Ou quase isso: a idéia, patrocinada pelo próprio Lula, é apoiar no Rio a candidatura do PCdoB, o qual pagaria em São Paulo na mesma moeda. Nem Paes nem Molon, todos com Jandira Feghali? Ninguém garante, ninguém sabe.

E de qualquer maneira é preciso conviver com o dado concreto das pesquisas. E esse último ponto leva a uma especulação: como será ou seria a administração de um município da importância do Rio por um representante da Igreja Universal? Crivella anunciaria uma administração independente da organização que lhe proporcionou a carreira política? E seria para valer?

Ou viveríamos a experiência de ver o Rio administrado segundo algo parecido com os métodos, implantados pela Universal, de gestão financeira da fé dos humildes?

Outra hipótese: e se Crivella decide incorrer em apostasia, partindo para uma carreira solo?

Não sabemos, nada sabemos. Talvez seja o caso de insistir numa recomendação sempre oportuna e especialmente adequada ao momento: oremos, irmãos.

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