Justo agora que o Brasil obteve duas notas de grau de investimento, o Banco Central volta a aumentar a taxa básica de juros, que já era elevada. Faz sentido? A nota maior não sinaliza estabilidade macroeconômica? Faz sentido. Reparem: estamos discutindo se a inflação deste ano vai bater em 5,5%, um ponto acima do centro da meta, em um momento em que preços sobem no mundo todo. Portanto, o Brasil não está “fora da curva”, como se diz. Ao contrário, muitos analistas têm elogiado o que definem como postura firme e prudente, ao contrário de outros BCs que estariam sendo muito tolerantes com a alta da inflação.
Tudo considerado, o que temos? Juros em alta por um tempo, com a taxa básica chegando aos 14%, para voltar a cair no final deste ano ou em 2009. Crescimento um pouco menor do que no ano passado, inflação um pouco maior, mas tudo dentro do marco da estabilidade. A inflação não vai de 4,5% para 10%, mas pode passar de 5,5%, o que, convenhamos, é bem civilizado para um país que não faz muito tempo emplacava 5% numa semana. E o crescimento não desaba, apenas desacelera.
A taxa de juros, olhando-se para o médio prazo, exprime, sim, essa estabilidade com crescimento maior do que em anos anteriores. De 2003 para cá, governo Lula, gestão de Henrique Meirelles no Banco Central, o Comitê de Política Monetária promoveu dois ciclos de alta dos juros para combater surtos de inflação.
No primeiro, a taxa foi a 26,5%, isso em fevereiro de 2003. No segundo, foi a 19,75%, nível fixado em maio de 2005. O atual ciclo, o terceiro, deve levar os juros ao patamar de 14%. Portanto, a cada movimento, o pico é mais baixo.
O mesmo vale para os ciclos de queda. Foram dois também. No primeiro, a taxa básica chegou a 16%, em abril de 2005. No segundo, foi para 11,25%, de longe os juros mais baixos desde o lançamento do real.
Outra característica: os ciclos de alta foram curtos, os de baixa, bem mais longos. O segundo durou 24 meses. Os documentos do BC haviam indicado esse, digamos, método. Na alta, sugeriam que é melhor começar mais forte, para elevar menos. Na baixa, diziam que de pouquinho em pouquinho se vai mais longe. Ou, se quiserem, à Maquiavel: a bondade se faz aos poucos, a maldade de uma vez só.
Resumo da ópera: no médio prazo, os juros estão mais baixos e essa tendência deve se manter. Isso se o governo preservar a política econômica de metas de inflação e superávit primário das contas públicas. Em boa hora, o governo decidiu elevar aquele superávit de 3,8% do PIB para 4,3%, aproveitando o excesso de arrecadação. Faria melhor se elevasse ainda mais, para 5% do PIB, por exemplo, para reduzir o endividamento público de modo mais acelerado e abrir espaço para juros menores no médio prazo.
Populismo Uma palavra sobre o clima eleitoral nos EUA, num ponto que nos interessa.
Um episódio exemplar foi a Lei Agrícola que acaba de entrar em vigor nos EUA e aumenta os subsídios para vários produtos. São subsídios que distorcem preços e condições do mercado internacional e prejudicam a agricultura dos países mais pobres.
A nova lei é uma criação do Partido Democrata, que controla o Congresso dos EUA. O presidente Bush havia vetado o projeto, considerando esse apoio aos agricultores “excessivo e caro”.
Bush propôs que os subsídios fossem pagos apenas a fazendeiros com renda anual inferior a US$ 200 mil.
O Congresso derrubou o veto e a proposta. A lei afinal aprovada concede subsídios a agricultores com renda de até US$ 1,25 milhão. Obama foi ardoroso defensor.
Quem foi contra? John McCain, que está atrás nas pesquisas.
Será um tema difícil nesta campanha.
Isso porque o cidadão americano está cada vez mais fechado.
Em 2007, apenas 59% dos americanos acreditavam que o livre comércio beneficia seu país. Cinco anos atrás, em 2002, eram 78%. Mais do que isso: 42% dos americanos acham hoje que seu país devia cuidar de “seus próprios negócios”.
E nada menos que três quartos apóiam mais restrições à imigração.
Na busca de votos, os candidatos sofrerão tentação enorme para esse tipo de nacionalismo populista, que Obama já exprimiu em diversos momentos.
Ruim para os países emergentes.
Entrevista:O Estado inteligente
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