O Estado de S. Paulo |
13/6/2008 |
A impressão que fica da leitura da Ata do Copom ontem divulgada é a de que o Banco Central (BC) não pareceu tão impressionado com a virulência da inflação quanto os números divulgados quarta-feira estão pedindo. Até agora, a atitude das autoridades da área foi realçar as ameaças com cores fortes não só para justificar a imposição “dos juros mais altos do mundo”, mas também para passar o recado de que o bombeiro estava a postos para debelar riscos de incêndio e, assim, desencorajar eventual escalada das remarcações. Várias são as hipóteses para explicar a nova postura de serenidade. A primeira é a de que o BC só tomou conhecimento da gravidade da situação quando saíram os números de maio, o que só ocorreu quarta-feira, uma semana depois da decisão do Copom. Assim, os novos dados ficaram de fora da Ata. Nesse caso foi tão surpreendido quanto o mercado. A segunda hipótese é a de que operou como o médico que prefere mais agir do que falar sobre a gravidade da doença, para que a depressão do paciente não piore a recuperação. Há algumas semanas o BC, logo ele, foi acusado de “terrorismo” e até de provocar inflação quando, do alto da credibilidade, denunciou as carregadas pressões sobre os preços. Foi o que teria convencido os agentes econômicos a remarcarem defensivamente seus preços. Desse modo, esta edição da Ata teria preferido baixar o tom para evitar que algum alarmismo piorasse as coisas. A terceira hipótese, complementar à anterior, é a de que o BC ficou especialmente preocupado com a forte deterioração das expectativas e preferiu não mais contribuir para piorar tudo. O texto parece reforçar essa possibilidade quando afirma que a eficácia da política de juros corre o risco de que “os agentes passem a atribuir maior probabilidade a que elevações da inflação sejam persistentes”. E, finalmente, há a hipótese de que não precisa mais sacudir o mercado para que abra os olhos para o perigo, porque todos já estão convencidos disso. Por trás dessa atitude, que busca passar tranqüilidade ao mercado, está o evidente receio de perder o controle do processo. É o regente de orquestra que trata de passar segurança, até com mais ênfase do que o habitual, para alcançar o melhor desempenho dos músicos na execução da partitura. Mas há outra mudança de tom. Em abril, o BC reforçava o recado de que atuaria mais preventiva do que remediadamente e que a alta dos juros teria ciclo curto. Essa atitude não foi mais mantida. Em lugar dela, preferiu dizer que os juros subirão o quanto for necessário para ancorar a inflação dentro da meta. Mais três observações: (1) com notória divergência em relação ao Ministério da Fazenda, o BC não abre mão do diagnóstico básico de que há forte componente de inflação de demanda (consumo crescendo acima da capacidade de oferta da economia); (2) reconhece que a inflação mundial se agrava e que essa situação deve disparar a alta dos juros e certa recessão também lá fora; e (3) que a política contracionista (juros mais altos) não vai prejudicar o desempenho do PIB. Confira Fundo Soberano - Na Ata, o BC assume como verdadeiro que o extra de 0,5% do PIB destinado ao futuro Fundo Soberano do Brasil terá qualidade de superávit primário. É afirmação carregada de conseqüências. Para que sejam superávit primário, os recursos devem ser aplicados em títulos públicos e, assim, esterilizados. Não podem ser resgatados adiante para novas despesas. Por enquanto, tudo o que se refere ao Fundo não passa de “papo do Mantega”. Nada ainda garante sua criação (depende do Congresso) nem que o superávit extra seja observado. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, junho 13, 2008
Celso Ming - O Banco Central baixa o tom
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