O Estado de S. Paulo |
19/6/2008 |
Os dirigentes do mundo ainda estão perdendo tempo com divergências nos diagnósticos e não conseguem aprofundar uma política convergente para os problemas que hoje são globais. A reunião dos ministros de Finanças do Grupo dos Oito (G-8, os sete países mais ricos do mundo mais a Rússia), realizada no fim de semana em Osaka, Japão, mostrou apenas uma convergência. O resto foi discordância. A convergência foi a de que os administradores da macroeconomia estão preocupados com as altas do petróleo e dos alimentos e sentem o impacto que podem ter sobre a atividade econômica global. Mas não chegaram a um acordo nem sobre suas causas. O secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, acompanhado pelo ministro das Finanças inglês, Alistair Darling, chamaram a atenção para os fundamentos. Para eles, o galope dos preços ocorre porque há um ambiente de desequilíbrio entre consumo e oferta, que se reflete na redução dos estoques e desestabilização do abastecimento. Enquanto isso, o ministro da Economia da Itália, Giulio Tremonti, e a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, puxaram a corda para o jogo do mercado. Para esses dois, o principal fator de alta dos preços é a especulação financeira. A divergência de diagnósticos sabota a definição de uma eventual ação coordenada para segurar os preços. Se tudo não passa de especulação, cedo ou tarde o problema se resolve com o estouro de algumas bolhas e a punição natural dos que jogaram errado. Assim, não haveria o que fazer além de impor mais regulação e, talvez, coibir essas práticas. No entanto, se o problema é desequilíbrio entre procura e oferta, a questão fica bem mais complicada. Enquanto a produção não chegar à altura da demanda, não há remédio na farmacopéia econômica senão puxar pelos juros para que o consumo fique desestimulado e o equilíbrio possa produzir-se numa das curvas seguintes. E aí chegamos ao segundo problema já tratado aqui em duas outras edições. São os bancos centrais que têm de puxar pelos juros. Mas eles tendem a ter uma percepção segmentada do problema. Não conseguem ver a arrancada dos preços como inflação global de demanda. Ao contrário, tendem a vê-la como inflação de custos, na medida em que as cotações são formadas nos mercados internacionais e vistas como itens que estão fora dos núcleos de inflação a atacar. Ontem, o analista Martin Wolf, do principal jornal de Economia e Finanças da Europa, o Financial Times, abordou esse problema para chegar à seguinte conclusão: “Se o mundo tivesse um banco central único e uma moeda única, esse banco central certamente apertaria sua política monetária (aumentaria os juros) diante da evidência das limitações da oferta mundial potencial sobre o crescimento econômico.” Esta é a principal questão. Se todos os bancos centrais aumentarem os juros, a economia global tenderá a se reequilibrar. Mas, como ficou anotado acima, a julgar pelos pronunciamentos ouvidos na última reunião do G-8, os dirigentes do mundo ainda não estão de acordo nem a respeito das causas dos males que atacam a economia mundial. CONFIRA Para quando der - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou ontem que só depois das eleições enviará ao Congresso o projeto de criação do Fundo Soberano do Brasil. Isso significa que, neste ano, o Fundo não sairá. E, no entanto, havia um mês que o ministro vinha repetindo que o projeto seria encaminhado “na semana que vem”. Até agora, o superávit primário extra, de 0,5% do PIB, a que se comprometeu Mantega, estava vinculado à formação do patrimônio desse Fundo. Se ele não será criado, então falta o ministro comunicar que o superávit primário será formado independentemente da sua existência. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quinta-feira, junho 19, 2008
Celso Ming - Mais divergência que convergência
Arquivo do blog
-
▼
2008
(5781)
-
▼
junho
(460)
- The Obama Agenda by: Paul Krugman,
- Clipping do dia 30/06/2008
- Sobre abraços explícitos e alianças clandestinas R...
- Clipping do dia 29/06/2008
- Clipping do dia 28/06/2008
- Como a “mídia golpista” salvou Lula Reinaldo Azevedo
- FERREIRA GULLAR Armaram barraco na Providência
- DANUZA LEÃO A simplicidade da vida
- JANIO DE FREITAS Do morro ao quartel
- CLAUDIA ANTUNES De Carter a Obama
- ELIANE CANTANHÊDE Obama, "la ola"
- CLÓVIS ROSSI A perpetuação da lenda
- Miriam Leitão Convém sonhar
- Merval Pereira - Censura é defeito
- Daniel Piza
- Acontecimentos alarmantes na ilha João Ubaldo Rib...
- Mais uma semana para ser esquecida Alberto Tamer
- Mailson da Nóbrega Lula é neoliberal?
- EUA podem liberar mais terras para o milho David ...
- Suely Caldas* Despolitizar as elétricas
- Celso Ming - A nuvem mudo
- Dora Kramer Mais eleitoreiro é quem diz
- O PAC emperrado
- A Varig de faz-de-conta Fábio Ulhoa Coelho
- Obama, McCain e o Brasil Paulo Sotero
- Viaje al interior de los protagonistas Por Mariano...
- Malos presagios Por Joaquín Morales Solá
- Augusto Nunes-SETE DIAS
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista: Gilberto Carvalho
- Radar
- A constelação Barack Obama
- A educação vai a bolsa de valores
- Petróleo As cinco principais razões para o...
- Alckmin, finalmente, é o candidato tucano
- Como barrar os políticos com ficha suja?
- Justiça Empresa é suspeita de "comprar" o ...
- Caso Gautama Romero Jucá e a agenda de Zule...
- Caso Varig O advogado Roberto Teixeira se e...
- Claudio de Moura Castro O Senai na mira do governo
- André Petry
- MILLÔR
- Diogo Mainardi
- Roberto Pompeu de Toledo
- A revolucionária discreta
- Especial Os limites da cirurgia estética
- Internet Empresas recrutam no Second Life
- Chineses treinam para se comportar bem nos Jogos
- África O Zimbábue resume a ruína do contin...
- Coréia do Norte Um passo atrás no programa...
- CLÓVIS ROSSI A Amazônia é nossa. Nós quem?
- Miriam Leitão Poço de confusões
- Merval Pereira -Inflação e popularidade
- De estrela brasileira a buraco negro Josef Barat*
- Celso Ming - Como fica a Bolsa
- Dora Kramer A mania do maniqueísmo
- No rumo da internacionalização do real
- O Ipea às ordens do governo
- A Companheira-Maria Helea Rubinato-
- Sai do armário, bispo! JOÃO XIMENES BRAGA
- País ignora o que ocorre em 14% da Amazônia, diz I...
- Lucia Hippolito - A personagem do semestre
- NELSON MOTTA Todos contra todos
- O adeus a Ruth Cardoso
- Merval Pereira - O real e o simbólico
- Míriam Leitão - Dupla face
- Luiz Garcia - A bancada da ficha suja
- Clóvis Rossi - "Desaceleraflação"
- Dora Kramer - Rodízio de nulidades
- Eliane Cantanhede - O abraço
- Clóvis Rossi - Ruth e a "soberania"
- Celso Ming - Fio desencapado
- Clipping do dia 27/06/2008
- Dora Kramer - Uma mulher incomum
- É pedir muito que Lula seja coerente no curtíssimo...
- Clipping do dia 26/06/2008
- Merval Pereira - O papel de polícia
- RUTH CARDOSO 1 - Como não sou político, jamais dei...
- Míriam Leitão - Mulher moderna
- Celso Ming - É da braba
- Chega de lendas! - Demétrio Magnoli
- Ruth AUGUSTO DE FRANCO
- ELIANE CANTANHÊDE Ruth Cardoso
- CLÓVIS ROSSI Ruth e a "soberania"
- Ruth Cardoso
- A gigante Ruth tombou
- do Blog Reinaldo Azevedo
- A insensatez marcha no Morro da Providência José ...
- Clipping do dia 25/06/2008
- Celso Ming - O Fed decide
- Dora Kramer - Da missa, a metade
- Merval Pereira - O Exército e a segurança
- Míriam Leitão - Roendo a renda
- Dilma recebeu Roberto Teixeira
- Ruth Cardoso é personagem por trás do Bolsa-Família
- Adeus a Ruth Cardoso
- A mulher que modernizou a política social brasileira
- Ruth: altivez decorosa
- Celso Ming - Avançou pouco
- Clóvis Rossi - O arroz e o morango
-
▼
junho
(460)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA