Sistema GPS e outros recursos dão aos
celulares uma utilidade totalmente nova
Carlos Rydlewski
Eduardo Barcellos/SambaPhoto |
CONECTADO AO SATÉLITE |
Os telefones celulares são atualmente um equipamento tão onipresente quanto o relógio de pulso. O número de residências nos Estados Unidos em que existem apenas celulares ultrapassou o daquelas equipadas somente com telefones fixos. No Brasil, há 6,7 milhões de linhas telefônicas fixas inativas nos estoques das operadoras – isso ocorre, em parte, porque os consumidores preferem o equipamento móvel. Há 108,5 milhões de celulares no país. Diante desse quadro, a pergunta é a seguinte: o que os fabricantes de celulares podem oferecer para quem já tem celular? A resposta está nos lançamentos mais recentes capazes de incentivar a troca do equipamento. São aparelhos nos quais o uso como telefone é apenas um recurso entre muitos outros – há jogos para múltiplos parceiros, mapas com GPS, guias turísticos, recursos de tratamento de fotos e até projetores de imagens.
Muitos desses recursos estão em fase de desenvolvimento e só estarão disponíveis no início do próximo ano. Outros já podem ser encontrados nas lojas. O Nokia 6110 Navigator, que começa a ser vendido no Brasil neste mês, por exemplo, é o primeiro com um sistema de orientação de rotas conectado à rede internacional de satélites, o Global Positioning System (GPS). Fornece roteiros, com orientações verbais, para deslocamentos em pelo menos três regiões metropolitanas – São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Definido o destino, o telefone – literalmente – narra qual caminho deve ser seguido. Há três opções de trajeto: o mais rápido, o mais curto e o que pode ser feito a pé, que desconsidera o sentido da circulação dos carros. O detalhe é que os mapas estão arquivados em um cartão de memória do Navigator, com capacidade para 512 megabytes. É uma antena especialmente dedicada ao GPS que atualiza os dados à medida que o aparelho é movimentado. "O custo do sistema de GPS não será cobrado do consumidor, nem como serviço nem como uma chamada", diz Fernando Soares, responsável pela área de celulares na Nokia do Brasil.
Fotos Divulgação |
GUIA TURÍSTICO |
Lançado no mês passado, o iPAQ 510 é o primeiro telefone móvel da HP, o maior fabricante mundial de computadores. Seu apelo de venda é um incrementado comando de voz. Vinte funções podem ser acionadas verbalmente. Não é só isso: o iPAQ reproduz em voz alta as mensagens de texto e os e-mails recebidos. Lê ainda os compromissos incluídos na agenda. Um celular que transforma mensagem de texto em som é um avanço tecnológico impressionante – mas, é preciso dizer, há coisa mais avançada a caminho. No fim de agosto, a americana Vlingo, especializada em comando de voz para celulares, distribuiu a versão experimental de um programa que amplia consideravelmente os limites desse tipo de recurso. O software simplesmente digita em forma de texto o que é falado. Além disso, basta dizer ao celular o nome de um restaurante – ou usar termos como "pizza" ou "sushi" – para que o programa busque a referência mencionada na internet.
A Nokia e a HP, cada uma por sua conta, estão desenvolvendo softwares para transformar o telefone numa espécie de guia turístico. Em ambos os casos, os programas são acionados no momento em que a câmera do celular é apontada para um local turístico ou um restaurante. Por meio do sistema de localização GPS, o telefone identifica o local e oferece por escrito informações a seu respeito. Os dados são captados em bases de dados existentes na memória do aparelho ou na internet. Duas semanas atrás, a Nokia revelou planos de lançar um leque de serviços para os 200 milhões de telefones de sua fabricação – incluirá novas formas de enviar fotos, vídeos e a venda de músicas.
PROJETOR DE FOTOS |
Além de mapas e voz, outra fonte de inovação dos celulares está no uso mais eficiente da rede de telefonia móvel. A Hype, empresa paulista de comunicação, que presta serviços para agências de propaganda, gastou 2 milhões de reais no desenvolvimento de um sistema que permite a montagem de peças de publicidade a partir da telinha de um telefone móvel. Com esse tipo de recurso, é possível criar um anúncio no celular – definindo os preços e os produtos que serão divulgados – e enviá-lo diretamente a uma gráfica. "Essa é uma arma importante para empresas do varejo, que têm de pesquisar o preço dos concorrentes até o último minuto, antes da impressão de um anúncio", diz Bernard Fonteneau, presidente da Hype.
No Brasil, a variedade de funções do celular deve ganhar novo impulso no próximo ano, com a expansão da rede de telefonia móvel de terceira geração, conhecida pela sigla 3G. A oferta maciça da tecnologia 3G depende de licitação de freqüências por parte da Anatel, processo cujo início é previsto para este mês. Hoje, apenas a Vivo oferece essa tecnologia de forma parcial em 28 cidades. Em média três vezes mais rápido que os sistemas de segunda geração e da chamada geração dois e meio, definidas pelas siglas GPRS e Edge, mais comuns no país, o 3G vai permitir a transmissão da programação da televisão pelo celular sem falhas nem congelamento de imagem. Apenas 202 milhões dos 2,9 bilhões de celulares em atividade no planeta funcionam com o sistema 3G. "O impacto da terceira geração nos telefones móveis será semelhante ao causado pela banda larga nos computadores", diz o consultor Eduardo Tude, da empresa Teleco, de Campinas, em São Paulo.
COM VOZ PRÓPRIA |
ANÚNCIOS FEITOS PELO TELEFONE
Fabiano Accorsi |
Bernard Fonteneau, da Hype: "A principal vantagem é a agilidade" |
Sistema desenvolvido pela empresa paulista Hype possibilita que peças de propaganda sejam montadas no celular e enviadas diretamente à gráfica. O recurso permite que as empresas de varejo – que travam uma verdadeira batalha de descontos com a concorrência – possam alterar o preço dos produtos até o último minuto antes da impressão de um anúncio.
A tela do celular mostra molde inicial do anúncio | Os preços dos produtos são modificad |