Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, setembro 21, 2007

Eliane Cantanhede - Ficção e perda de tempo




Folha de S. Paulo
21/9/2007

Renan Calheiros não será cassado e a CPMF não será revogada. Ponto. Apesar dessas certezas, o Congresso, o governo, a imprensa e parte do país vão passar ainda um bom tempo entretidos com formalismos inúteis.
A quarta representação contra Renan foi enviada pela Mesa do Senado ao Conselho de Ética ontem, e a votação dos destaques do projeto de prorrogação do imposto na Câmara será na terça-feira. Depois, vem o segundo turno e, no fim, tudo de novo no Senado. Os parlamentares vão gastar saliva, a imprensa vai jogar papel fora e a opinião pública vai perder a paciência. Para nada.
Ontem, o PT no Senado escancarou ao propor a unificação de todos os variados processos contra Renan. Leia-se: "Gente, não vai acontecer nada mesmo. Então, vamos acabar logo com essa palhaçada".
A nova rodada CNI-Ibope mostra sólidos 48% de aprovação para Lula, e o governo continua ganhando todas. A oposição? Bem, enrolou-se com a versão equivocada de que a questão Renan era uma disputa governo-oposição, quando não era. E queria na verdade pressionar e incomodar o governo com a votação da CPMF, mas não exatamente derrubar o imposto.
Segundo Lula, "nem o governo Lula nem o governo de qualquer outro ser humano poderia abrir mão da CPMF". Jura? Reportagem de Gustavo Patu na Folha de terça mostrou que o governo Lula, não o de qualquer outro ser humano, promoveu um aumento da máquina estatal correspondente a duas vezes a arrecadação da CPMF.
Num bom equilíbrio, o governo deveria segurar os gastos com o aparato governamental e reduzir a alíquota da CPMF (ou restituir uma parte, ou desonerar a folha de pagamento). Aliás, Lula prometeu isso aos seus líderes. Se vai cumprir? Sabe-se lá. Lula ganha todas, o Congresso perde, e quem se dá bem é a base aliada, essa cujo grande herói hoje é Renan Calheiros.

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