Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 06, 2007

ELIANE CANTANHÊDE A Defesa toma forma


PORTO PRÍNCIPE - A nota do Alto Comando do Exército, em reunião extraordinária, como nos velhos tempos, está sendo explicada agora como um "freio de arrumação". Jobim disse o que queria e ouviu o que não queria. Mas isso não implodiu a relação.
Os militares não digeriam o embaixador José Viegas, considerado até agora o melhor entre os vários ministros da Defesa. Questão de estilo. Depois, eles se divertiam com o boa-praça José Alencar e tinham apenas paciência com Waldir Pires.
Agora é diferente.
Jobim tem a arrogância gaúcha de falar duro, bater na mesa, partir para o ataque, o que não é bom. Mas tem decisão, força política, influência junto ao presidente e trabalha pela reformulação da Defesa, arrancou o compromisso de Lula de não cortar o Orçamento e vai investir não só no rearmamento, mas na indústria bélica brasileira e na exportação para a América Latina. Com Chávez armado até os dentes, o Brasil corre atrás.
Hoje, às 10h, será lançado no Planalto o grupo que vai produzir o Plano Estratégico de Defesa Nacional, com Jobim, o também ministro Mangabeira Unger e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. E o consultor Vicente Falconi Campos, do Instituto de Desenvolvimento Gerencial, faz uma avaliação do setor, para propor mudanças no organograma e no funcionamento. Tudo junto, é uma refundação da Defesa, que FHC criou, mas não embalou, Lula deixou para lá e os militares nunca respeitaram devidamente. Agora vai.
Apesar do mal-estar causado pela sucessão do livro sobre tortura, cerimônia no Planalto e nota do Exército, ficou muito claro nesta viagem ao Haiti que ministro e comandantes se esforçam para se entender e para ter um plano estratégico. Os militares não estavam gostando da forma, mas apostam no conteúdo. É o que interessa.

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