Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 15, 2007

CLÓVIS ROSSI



Búzios e vergonha
COPENHAGUE -
Está fácil, muito fácil, entender a economia nos tempos modernos. Tão fácil que os dois principais jornais globais, o "Financial Times" e o "International Herald Tribune" (propriedade do "New York Times"), trouxeram ontem o seguinte como manchetes de suas capas: "Sinais de estabilidade aliviam mercados" (do "FT").
"Recuo do dólar traz medo de colapso" (do "IHT"). Estabilidade e medo, alívio e colapso, tudo no mesmo saco, o da evolução da economia planetária. Ainda bem que aprendi com o professor Delfim Netto e suas colunas na Folha que economia não é ciência exata. Pena que muito economista continue escrevendo/falando como se fosse. Aliás, até Delfim, às vezes escorrega.
Por falar nisso, vejam a Goldman Sachs, portentosa firma financeira.
Um de seus "hedge funds" perdeu 22,5% do valor em apenas um mês (agosto). Tudo porque seus gênios resolveram vender ienes japoneses e comprar dólares australianos. É razoável supor que fizeram o negócio depois de aplicar um desses sofisticados programas de computador que combinam 3,4 trilhões de variáveis.
Final da história, na vida real: o dólar australiano caiu 6% em agosto contra o iene.
A Goldman Sachs, vale lembrar, é aquela firma que inventou os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), que serão as potências globais até 2020.
Se não acertam nem o que vai acontecer em agosto com duas moedas, como podem apostar no que vai acontecer com quatro países inteiros daqui a dez, 15 anos -ou em um ano que seja? Não seria mais científico jogar os búzios?
No Brasil, então, é pior: até 45 senadores dizem ter votado para cassar Renan Calheiros, mas, na vida real, só surgiram 35 votos. Ou seja, nem depois do jogo jogado dá para saber quem fez os gols. Êta paisinho sem-vergonha.

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