Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, setembro 07, 2007

CLÓVIS ROSSI

A pátria e suas Forças

MUNIQUE - Dia da Pátria, lançamento do Plano Estratégico de Defesa Nacional. Não é um bom momento para iniciar a discussão sobre o papel das Forças Armadas em um país como o Brasil?
Quando terminou o ciclo militar, em 1985, alguns analistas, inclusive militares, chegaram a falar em uma crise de identidade, o que é compreensível (se é ou não real é outra história).
Compreensível pelo seguinte:
1 - Defender o território contra um ataque externo seria a tarefa principal das Forças Armadas. Mas elas não estão preparadas para fazê-lo se o inimigo for um país desenvolvido ou mesmo potências médias como China ou Índia. Não têm equipamento (e guerra, hoje, é essencialmente uma questão de equipamento).
Nem têm treinamento adequado, em parte como decorrência da falta de equipamento.
Poderiam, sim, defender a pátria dos vizinhos, cujas Forças Armadas estão igualmente sucateadas, mas a hipótese de um conflito com eles soa a alucinação quando todos os esforços vão no sentido inverso, o da integração.
2 - Defender o território contra o que já se chamou de "inimigo interno" caiu de moda, felizmente, aliás. Um belo naco do que, antes, era considerado "inimigo interno" está hoje no governo e não se implantou o comunismo. Ao contrário, aliás, bem ao contrário.
3 - Vigiar as fronteiras continua sendo uma missão fundamental, mas há incontáveis indícios de que elas são extremamente porosas ao tráfico de drogas e de armas.
Parece lógico que, para trancar melhor as fronteiras, as Forças Armadas precisam de mais equipamento, de mais treinamento e de reforço do sistema de inteligência, o que acaba levando à pergunta que não quer calar e que o ministro Nelson Jobim ressuscitou faz pouco: cabe a atuação das Forças Armadas na segurança interna?

crossi@uol.com.br

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