Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, março 21, 2007

Unidos pelo caos aéreo

Unidos pelo caos aéreo

Artigo - João Cláudio Garcia
Correio Braziliense
21/3/2007

Mais um feriado se aproxima e os bravos brasileiros preparam a bagagem e o kit-espera para perder horas e horas no aeroporto. Já virou tradição: desde a tragédia com o vôo da Gol, no ano passado, o passageiro vive um calvário antes de embarcar. O que mais impressiona é o mistério sobre o colapso dos transportes aéreos no Brasil. A cada onda de atrasos, aparece uma desculpa diferente. Uma hora é a pane no sistema, outra hora é a chuva, ou então um cachorro que invade a pista de decolagem.

Com ou sem CPI do apagão aéreo, passou e muito o momento de o cidadão comum receber uma satisfação. Até mesmo para ter informações suficientes que o levem a discernir se aceita ou não se arriscar dentro de um avião. O que não pode é o cliente de companhia aérea continuar sem saber se o antigo radar do Cindacta sofre do “efeito espelho”, ou se o controlador de vôo está protestando contra as condições sofríveis de trabalho.

Sem constrangimentos, talvez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pudesse trocar uma idéia com o vizinho argentino Néstor Kirchner, que atravessa problema semelhante. No dia 1º do mês, um raio danificou o radar de Ezeiza, o principal aeroporto da Argentina. O fato serviu de estopim para uma crise. A partir de então, pilotos das Linhas Aéreas Austral se recusaram a voar, alegando falta de segurança. Controladores de vôo também protestaram. Aproveitando o clima caótico, Kirchner reconheceu que a estrutura aérea argentina está “quebrada”, enquanto funcionários da Defesa e da Aeronáutica insistiam na normalidade da situação, e as filas nos saguões se multiplicavam.

Embora mais recente e de proporções menores, o drama da aviação argentina rendeu medidas concretas. Por decreto, Kirchner passou o controle do tráfego comercial para os civis e ordenou o aluguel de dois radares, com o objetivo de minimizar a penúria dos passageiros, ainda que temporariamente. O governo também abriu licitação, em dezembro passado, para a compra de equipamentos novos. Quatro empresas estrangeiras se apresentaram, e o processo deve ser concluído em setembro. Também lá, a crise deve ser superada apenas a longo prazo. No entanto, ao menos nossos hermanos já sabem por que não conseguem viajar na hora certa.

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