Artigo |
O Globo |
19/3/2007 |
Você sabia que Odílio Balbinotti nasceu no Rio Grande do Sul, radicou-se no Paraná e ganha dinheiro com soja no Mato Grosso do Sul? Que se filiou a seis partidos antes de aportar no PMDB para se eleger deputado federal pela quarta vez? Que é dono da segunda maior fortuna da Câmara? E que se queixa de pagar "imposto de renda pra cacete?" Para alguma coisa, portanto, serviu o anúncio feito na semana passada de que Lula decidira nomear Balbinotti ministro da Agricultura. Até recebê-lo na quinta-feira em audiência no Palácio do Planalto, Lula jamais o vira. Mas gostou muito do jeitão caipira dele. Queria pôr no ministério alguém que entendesse do assunto. E o governador Blairo Maggi (PR), do Mato Grosso, considerado o maior produtor individual de soja do mundo, recomendara Balbinotti, o maior produtor de sementes de soja do país. Lula consultou a respeito o governador Roberto Requião (PMDB), do Paraná, que disse ok. Então pediu ao deputado Michel Temer, presidente do PMDB, que lhe trouxesse um nome para a Agricultura - desde que fosse o de Balbinotti, é claro. Temer ouvira seus pares e estava pronto para bancar quatro deles. Balbinotti não fazia parte da lista. Mas àquela altura, fazer o quê? Lula terceirizou Balbinotti - como antes terceirizara José Gomes Temporão, o novo ministro da Saúde. A conselho de amigos, Temporão se filiou em dezembro último ao PMDB só para que Lula tivesse o pretexto de fazê-lo ministro a pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro. A manobra deu certo porque Cabral topou apadrinhar Temporão (quem recusaria um favor ao presidente?). Aí Lula tentou repeti-la no caso de Balbinotti, em parceria com Temer. Dessa vez, a manobra gorou. Descobriu-se que Balbinotti está sendo processado por crime de falsidade ideológica. Usou sem autorização o nome de alguns dos seus empregados para renegociar uma dívida de quase R$2 milhões com o Banco do Brasil. O mundo desabou na cabeça dele, que renunciou ao cargo antes de tomar posse. Terá pelo menos o consolo de passar à História como Pepinotti, o Breve. De sua parte, Lula está pouco se lixando para o desconforto que possa causar a terceiros. Pepinotti é problema do PMDB, que concordou com a farsa de que o sugerira para ministro. Assim como é problema do PT a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Ela está furiosa por não ter sido nomeada ministra de Cidades ou da Educação. Sobrou-lhe o Ministério do Turismo, que Lula oferecerá em audiência marcada para logo mais. Dona Marisa, a primeira-dama, tem uma certa implicância com Marta, não se sabe bem porquê (Lula sabe). Marta é espaçosa e barulhenta. E se tiver chance fará tudo para se destacar dos demais ministros e sair depois candidata a prefeita, governadora ou a presidenta. Resolveu aceitar o Ministério do Turismo para não ficar sem nenhum. E também para subtrair de Lula a desculpa de poder dizer mais tarde que, convidada, ela se recusara a servir ao governo.
POR EXIGÊNCIA DE MARIANA, sua filha de 8 anos, que obteve o apoio incondicional da mãe, Alessandra, o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) decidiu desmontar rapidinho a banheira que serviu aos seus antecessores no prédio do Ministério da Integração Nacional. Ela ocupa largo espaço no banheiro privativo do ministro. Parece ter sido pouco usada. |
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, março 19, 2007
Pepinotti, o Breve!- Ricardo Noblat
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