editorial |
O Estado de S. Paulo |
20/3/2007 |
No ano passado, a taxa de juros básica (Selic) fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) acusou redução de 4,75 pontos porcentuais (p.p.), mas o “spread” dos bancos, que reflete a diferença entre o custo de captação e de aplicação, apresentou redução de apenas 1,40 p.p., o que mostra que as instituições financeiras aumentaram a sua margem de lucros. Entretanto não se limitaram a reconquistar os lucros que tinham no passado com o ganho inflacionário decorrente do “floating”dos depósitos não remunerados, mas procuraram aumentá-los, cobrando tarifas sobre suas operações. O volume de crédito, no ano passado, cresceu 20,2%, o que permite realizar economias nos serviços prestados com um custo unitário menor. Isso deveria se traduzir por tarifas menores. Não foi o que se verificou: a receita de tarifas, que em 2004 representava 6,5% do total das receitas, segundo a consultoria Austin Rating, atingiu no ano passado 17,68% das receitas, e, no caso dos grandes bancos, supera 20%. Hoje isso explica em grande parte o crescimento da rentabilidade das instituições financeiras, que não se justificaria em face do crescimento da inadimplência, que, de 4,2% em dezembro de 2005, subiu para 5% um ano depois. As empresas que se queixam do Copom por manter uma taxa Selic excessivamente alta deveriam iniciar uma campanha contra o custo das operações financeiras (juros e tarifas). Não se trata de sugerir um tabelamento com a fixação de um teto, tanto para o “spread” quanto para as tarifas, mas de pedir às autoridades monetárias que criem um clima de maior concorrência no sistema financeiro nacional. Esperava-se que, com a entrada de bancos estrangeiros, a pressão da concorrência aumentaria: não foi o caso, pois os bancos estrangeiros ingressaram no Brasil apenas visando aos grandes lucros que podiam auferir numa economia cujo volume de crédito era e continua sendo muito baixo. Com a concorrência ainda muito limitada, caberia abrir mais as portas a bancos estrangeiros que se comprometessem a operar com custo menor. E os bancos estatais importantes poderiam ser usados para promover a redução do “spread”. No caso das tarifas, o Banco Central ou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) deveriam fixar uma nomenclatura unificada dos serviços bancários. Hoje, cada banco nomeia seus serviços de uma maneira, impedindo os mutuários de comparar e escolher os bancos com tarifas menores.
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Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, março 20, 2007
Os lucros e as tarifas altas dos bancos
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