Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, março 22, 2007

Nova metodologia faz PIB crescer



editorial
O Estado de S. Paulo
22/3/2007

A economia brasileira cresceu mais do que se pensava, e o aparente milagre se deve apenas à nova metodologia utilizada pelo IBGE para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB). A diferença não é desprezível, já que no período 2000-2005 o PIB, a preços correntes, apresentou um crescimento de 9,46% e, nesse período, a taxa média de crescimento ao ano passou de 2,55% para 3%.

A inovação metodológica não é condenável nem visa a melhorar a imagem do governo. É um aperfeiçoamento do levantamento estatístico graças ao trabalho sério desenvolvido pelo IBGE durante dez anos, que permite, conforme recomenda a ONU, fazer uma revisão das contas nacionais a cada cinco ou dez anos.Houve profundas modificações no cálculo do PIB a partir do levantamento mensal da produção industrial, da produção agropecuária, do comércio varejista, do cálculo relativo à produção da administração pública, que foi revisto com nítidas melhorias. A participação dos serviços foi enriquecida, a taxa de investimento foi mais bem distribuída reduzindo o peso da construção civil. Enfim, foram muitas as modificações que permitiram rever os dados do PIB.

Um dos efeitos é um PIB maior e uma taxa de crescimento também maior. Assim, em 2005 (o último ano em que a revisão foi completada) o crescimento passou de 2,3% para 2,9% e em 2004, de 4,9% para 5,7%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, estima que, com a nova metodologia, o crescimento do PIB em 2006, a ser divulgado em 28 de março, ficará entre 3% e 3,5% e, assim, será mais fácil chegar a 5% em 2007.Essa revisão, no entanto, tem efeitos sobre outros indicadores - nem sempre positivos. Por exemplo, haverá uma redução da dívida interna em relação ao PIB, mas, em sentido contrário, o superávit primário em relação ao PIB, tão criticado até dentro do governo petista, se mostrará menor do que se pensava, aproximando-se dos 4,25%, que era a previsão inicial.Um outro aspecto é o aumento da carga tributária por causa da reclassificação da Cofins, que passou a ser considerada como um imposto sobre produto e não sobre a produção. O fraco desempenho da economia fica mais bem explicado agora, pois a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) em 2005 caiu de 20,8% do PIB para 16,3%. Já a participação dos serviços no PIB, em 2005, não foi de 54,1%, mas de 64%. São informações que podem ajudar a orientar melhor a política econômica.


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