O Brasil vai aumentar a acumulação de reservas porque acha que, desta forma, chega mais rapidamente ao nível de investimento. O mercado saiu de uma reunião na quinta-feira com representantes do Banco Central com essa impressão. O presidente do BC, Henrique Meirelles, confirmou que essa é a política. Ele acha que o custo de carregamento de reservas é compensado pelas vantagens.
Depois que as reservas ultrapassaram o patamar dos US$ 100 bilhões, muita gente no mercado achou que o Banco Central consideraria que o nível de reservas era adequado e que, devido ao custo de carregamento de um ativo atrelado a juros menores que o custo da dívida, o BC iria reduzir essas compras. Mas não é essa a tendência do Banco Central.
— O Brasil está com 10% do PIB de reservas, mas a Coréia tem 30%, a Rússia tem 30%. Não estou dizendo que chegaremos a isso, mas há espaço para a acumulação de reservas — afirmou Henrique Meirelles.
Isso tem o efeito colateral de segurar a cotação do dólar e até pressionar um pouco pela alta da cotação, mas o que o Banco Central está vendo é outra vantagem: a de atingir mais rapidamente os indicadores que levem o país ao investment grade.
Muitos analistas sempre consideraram que chegar ao grau de investimento só seria possível após retomar as reformas, mas o fato é que as melhoras no ranking estão acontecendo, assim como a queda do risco, em grande parte, pelo volume de reservas que o país acumulou.
Com mais reservas, a tendência será uma queda maior do risco-país, o que reduz o custo de captação no exterior por empresas e governo e pode permitir mais queda de juros internos.
A presidente da Standard & Poor’s no Brasil, Regina Nunes, é enfática ao afirmar que o aumento das reservas ajuda, sim, o país a atingir o tão desejado grau de investimento: — Ter mais reservas ajuda o país no seu rating em moeda estrangeira. Sem dúvida, é um caminho. Com isso, o Brasil poderia chegar a números para uma classificação melhor.
Hoje o Brasil está a dois passos de ser investmento grande em moeda estrangeira e apenas a um degrau quando se trata de moeda local.
— Acumular reservas é o que o Banco Central pode e deve fazer neste momento.
O Brasil tem hoje um problema conhecido para crescer, acredito, porque há um custo enorme de financiar o governo, que deveria ter gastos mais eficientes, mais focados. A arrecadação é toda para pagar dívidas. O país melhorou muito seus dados externos, mas, para ser grau de investimento, é preciso mais que números bons em moeda estrangeira — avalia ela.
Regina Nunes, no entanto, diz que atingir esse nível não é tudo: — Em algum momento, o Brasil chegará ao grau de investimento, mas isso não vai resolver outros problemas.
Não adianta um país querer ser investment grade só por ser. Mas o acúmulo de reservas acaba reduzindo muito o endividamento, a dívida externa líquida.
No mercado, há quem ache que o custo é alto e que, acima de um determinado nível, não faz muito sentido comprar reservas.
A reportagem do GLOBO de ontem afirmava que o custo foi de R$ 7 bilhões no ano passado. Quando compra dólares, o Banco Central injeta reais na economia e, para tirar o excedente, tem que vender títulos públicos, pelos quais paga a taxa Selic, de 12,75% ao ano. Meirelles acha que o nível de reservas melhora a percepção de risco e que isso terá um efeito positivo em todos os indicadores.
Luis Otávio Leal, do Banco ABC/Brasil, não concorda com essa conta dos R$ 7 bilhões, porém acredita que, passando de um patamar, o impacto do aumento das reservas é realmente menor: — Mas ninguém sabe qual é o nível ótimo de reservas de um país. Será o valor da dívida externa? Em breve, o Brasil terá os US$ 168 bilhões necessários para isso, mas ninguém sabe se esse é o ponto ótimo. A Índia tem cerca de US$ 200 bilhões em reservas, por exemplo. O FMI, num estudo econométrico, indicou que o Brasil deveria ter algo em torno de US$ 115 bilhões.
(Ontem, as reservas chegavam aos US$ 106 bilhões.
A continuar nesse ritmo, os US$ 115 bilhões seriam alcançados em mais um mês apenas.) Há também um outro aspecto levantado pelo economista.
Se não tivesse reservas tão sólidas, talvez o país sofresse mais problemas ao enfrentar momentos difíceis como o dessas últimas semanas.
Luis Fernando Lopes, do Banco Pátria, acha que o BC está tomando a decisão correta.
— O Banco Central não tem outra alternativa que não aumentar as reservas.
Principalmente por causa da balança comercial, a contratação líquida de moeda estrangeira no país acumulada em 12 meses está em US$ 38 bilhões de dólares.
O que o BC vai fazer com tudo isso? Jogaria o câmbio muito abaixo de R$ 2. A opção do Banco Central era fazer reserva ou não fazer nada — diz ele.
Luis Fernando concorda que a decisão tem seu custo fiscal, mas acredita também que ela acaba melhorando o perfil do país. Segundo ele, daqui a pouco, as reservas podem chegar aos US$ 150 bilhões: — Reservas maiores não garantem que o país será investment grade, mas certamente ajudam.
Embora a decisão de aumentar as reservas também signifique aumento da blindagem, o Banco Central afirma que está otimista em relação à crise externa.
Acha que a turbulência dos mercados não vai provocar uma crise global e que o mais provável é que apenas ocorra queda do crescimento americano, mas que isso será compensado pelo crescimento de outros países.
Entrevista:O Estado inteligente
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