Começou a disputa globalizada pelos biocombustíveis, os chamados combustíveis verdes”, especialmente o etanol, uma disputa que tem muito de econômica, mas com ingredientes políticos relevantes, especialmente para a América Latina. A viagem que o presidente Bush fará à região na próxima semana tem como objetivo neutralizar a influência do presidente venezuelano Hugo Chávez, e a parceria com o Brasil para espalhar a tecnologia e a produção do etanol pela região não tem outro objetivo que o de neutralizar a força dos petrodólares de Chávez, e reduzir, a longo prazo, a importância da produção de petróleo venezuelano no consumo dos Estados Unidos, hoje da ordem de 20%.
Até mesmo Cuba, grande produtora de cana-de-açúcar, está no meio dessa disputa, e não é por acaso que, depois de criticarem em um programa de rádio a utilização de alimentos para fazer combustível, Chávez e Fidel fecharam um acordo para a construção de 11 usinas de etanol na Venezuela.
Os investimentos em biodiesel mais que dobraram nos últimos três anos, e já representam 10% de todos os investimentos no mundo em energia. No ano passado, cresceram mais 30%. O Brasil é o líder mundial de produção de etanol através da cana-de-açúcar, tem carro movido a etanol desde 1979, e hoje 20% de sua frota é movida a álcool.
O Fórum Internacional de Biocombustíveis, lançado sexta-feira na ONU, pode não ser o embrião de uma “Opep do etanol”, como se especulou, mas é sem dúvida um primeiro passo para organizar um mercado internacional do produto, com regras comuns, como um padrão a ser seguido pelos produtores, com o objetivo de transformar os biocombustíveis em mercadoria comercializável a nível mundial.
O Fórum reúne Brasil e Estados Unidos, que detém cerca de 70% da produção mundial de álcool, além de Índia, China, África do Sul e União Européia. Ao mesmo tempo, o Japão fechou acordo com a Petrobras para a construção de 40 usinas de produção de álcool para apoiar o consumo do etanol japonês.
Tanto os Estados Unidos quanto a França, o quinto maior produtor mundial de etanol, fazem seu combustível com outros produtos que não a cana-de-açúcar de açúcar — os EUA do trigo e milho, e a França da beterraba — mas ambos os países têm que dar fortes subsídios para tornar economicamente viável o produto.
Mas nem tudo são flores, embora o presidente Lula tenha tido o mérito de enxergar a potencialidade dos biocombustíveis, e também do biodiesel, num mundo onde a energia limpa terá importância cada vez maior. Segundo a consultoria Tendências, apesar da incontestável competitividade da produção brasileira de etanol a partir da canade-açúcar e, ao que tudo indica, de biodiesel, o país ainda precisa dar passos importantes para se tornar, efetivamente, um pl a ye r global de peso no mercado de bioenergia.
Segundo a analista Amaryllis Romano, “mesmo que existam excelentes perspectivas no que diz respeito ao crescimento do mercado doméstico, a questão das exportações, tanto de produtos quanto de tecnologia, será fundamental para garantir retorno aos investimentos na área e promover os recursos para pesquisa, visando a manutenção da primazia nacional na área”.
Também Hernani Aquini Fernandes Chaves, professor de Recursos Energéticos da Faculdade de Geologia da Uerj, rebate uma informação que dei em coluna recente a respeito da maior eficiência do etanol produzido através da canadeaçúcar. Com base em uma palestra, no seminário da Fundação Luso-Brasileira em Lisboa, do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biodiesel, Nivaldo Rubens, escrevi que o etanol proveniente da cana-de-açúcar tem uma eficiência até seis vezes maior do que o produzido com o trigo e o milho.
Com bom humor científico, o professor lembra que “a molécula química não tem carimbo, e a eficiência do etanol depende apenas de sua pureza, pois, qualquer que seja sua origem, a molécula contém dois átomos de carbono, cinco de hidrogênio e um radical OH , apresentando o mesmo rendimento s e m p re ” .
Segundo ele, o que difere é a produtividade por hectare, sendo a cana-de-açúcar, no Brasil, duas vezes mais produtiva que o milho, nos Estados Unidos. O custo subsidiado da produção do litro de etanol de milho é de US$ 0,30 nos Estados Unidos, enquanto o de cana, sem subsídios, no Brasil, é de US$ 0,22.
Lula se disse convencido, na conversa que teve com jornalistas semana passada, de que o etanol pode mudar a matriz energética do mundo, mas para isso será preciso que os Estados Unidos se empenhem na parceria. Mas o forte lobby dos produtores americanos já está se movimentando, para impedir o fim da taxa que os Estados Unidos cobram sobre o etanol importado.
Em uma carta ao presidente Bush na semana passada, o senador republicano de Iowa Charles Grassley diz que não consegue entender por que os Estados Unidos pensam em usar dinheiro do seu contribuinte para encorajar a produção de etanol em outros países.
O temor é que o acordo com os Estados Unidos permita que o Brasil se utilize dos países do Caribe, que estão isentos das taxas de importação pelo acordo de livre comércio, para exportar etanol para os Estados Unidos.
Essas diferenças de produção e custo serão objeto de estudos do Fórum Internacional, em busca de uma padronização. E o Brasil pretende obter dos Estados Unidos uma cota de exportação livre de taxações.
Entrevista:O Estado inteligente
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