No Fiz, novo canal por assinatura da Abril,
o público criará a programação. É o casamento
da TV com a internet
Jack Black, em esquete do novo programa interativo da VH1: tendência sem volta |
Até o próximo mês de julho, deverá entrar em operação no Brasil um canal por assinatura com uma proposta arrojada: em vez de oferecer programação convencional, ele transmitirá apenas vídeos produzidos pelos próprios espectadores. Iniciativa do Grupo Abril, ao qual também pertence VEJA, o canal Fiz (o nome vem da expressão "eu fiz") aposta na ligação entre a TV e a internet – tendência que mudou a forma como as pessoas lidam com o vídeo e cujo símbolo máximo é o site YouTube. O Fiz será indissociável de seu site. Nesse último, as produções independentes serão ordenadas por gênero – haverá seções dedicadas ao humor, documentários, notícias, clipes musicais e esportes radicais, por exemplo. Também será possível encontrar informações sobre como criar um vídeo, desde a filmagem com um celular até dicas de iluminação para trabalhos mais ambiciosos. Caberá ao canal exibir os melhores vídeos surgidos nesse processo. O detalhe é que eles serão eleitos pelos usuários – que, assim, assumirão o papel de programadores (a tarefa será complementada, secundariamente, por um conselho de especialistas). "Com o tempo, os usuários poderão escolher até o horário em que os vídeos irão ao ar", afirma André Mantovani, diretor-geral das operações de TV da Abril.
Pedro Rubens |
Mantovani e o logotipo do Fiz: "Os jovens abraçaram o vídeo com entusiasmo" |
A democratização da produção de vídeo graças à tecnologia teve o efeito de uma revolução – e várias iniciativas recentes refletem o fenômeno. O ex-vice-presidente americano Al Gore lançou um canal de notícias, a Current TV, com programação gerada pela audiência. Na semana passada, a VH1, emissora-irmã da MTV nos Estados Unidos, lançou um programa baseado no mesmo conceito. Produzido e protagonizado pelo comediante Jack Black, o Acceptable.tv exibe esquetes feitos pelo canal e produções realizadas pelos espectadores. É o público quem escolhe quais programetes deseja que tenham continuação. Recentemente, o YouTube também anunciou o lançamento de um canal.
O Fiz nasceu da constatação de que os jovens brasileiros abraçaram as novas formas de expressão com entusiasmo. Já faz dois anos que a MTV nacional recebe mais videoclipes independentes do que peças produzidas pelas gravadoras. Em 2006, a emissora criou uma categoria para vídeos amadores em sua premiação anual, o VMB – e obteve mais de 500 inscritos. Há ainda outro manancial: as universidades. "Nelas, produz-se muita coisa que se perde em meio à massa de vídeos do YouTube. Com o Fiz, os estudantes contarão com uma vitrine mais adequada", diz Mantovani. A Abril – que em breve deverá lançar também um canal voltado ao mundo dos negócios – já negocia a novidade com todos os operadores de TV por assinatura do país.