Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, março 05, 2007

Apertem os cintos, o governo sumiu!


Artigo - Fritz Utzeri
Jornal do Brasil
4/3/2007

Acho que o grande timoneiro, o Molusco, descobriu a pedra filosofal. É tão simples, que me pergunto como ninguém pensou nisso até aqui. Calma, não enlouqueci, mas cheguei à conclusão de que Luiz Inácio simplesmente não está nem aí para governar e isso está dando certo! Sem governo para atrapalhar, o Brasil melhora. Continue assim presidente, finja que não tem nada com isso e será reeleito quantas vezes necessário for.


O segundo mandato começou há dois meses e, salvo o anúncio do PAC, tudo está parado. O novo ministério não sai. Ninguém mais agüentava ouvir falar que ministérios dar ao PMDB e se Martita deve ou não ir para o ministério (que tal criar o Ministério da Sexologia? Afinal, mais um não vai fazer muita diferença).


Curioso é ver os partidos aliados (praticamente todos) disputarem os ministérios como urubus na carniça, sem que um só diga o que pretende fazer pelo Brasil nesses cargos (além de roubar, financiar suas campanhas e usá-los para aumentar ainda mais suas bases de poder, mas isso é "normal" entre nós). Luiz Inácio, impávido, vai alimentando o desgaste, mas a hora de dividir a carniça vai chegar...


Onde as coisas vão muito mal é no item criminalidade e violência. Uma das sugestões, em exame no Congresso, é a redução da maioridade penal para 16 anos (já em banho-maria). Afinal não há no Congresso um só criminoso "dimenor". Mas há outro em discussão: aumentar o prazo para a prescrição de crimes. Aí é diferente. Muitos parlamentares se elegem para escapar da Justiça, por não poderem ser processados enquanto tiverem mandato. Obviamente, eles se sentem prejudicados com tal medida. O relator da proposta, o deputado Roberto Magalhães (PFL-PE), tentou acalmar a "bancada do crime" com estas palavras: "Todos podem dormir tranqüilos", já que a Constituição prevê que a lei não retroage para prejudicar os réus.


O principio legal pode até ser correto, mas a afinidade criminosa é tão grande no Parlamento que o líder do PTB, Jovair Arantes, disse que se aprovada, a lei poderá induzir ações de gente de "má-fé", como os integrantes do Ministério Público, que "gostam de aparecer na imprensa". Ele disse ainda que - apesar disso - a medida será boa para inibir os pequenos crimes. Até em matéria de crime quem pensa pequeno se dá mal no Brasil; já quem comete grandes crimes, se for eleito deputado, é rei...


Voltando à abertura destas linhas, o governo não existe, como deixou claro ninguém menos que o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Assaltado, tomado como refém, foi para casa, como o fariam 90% dos brasileiros que escapam incólumes de um assalto (e a maioria dos que não escapam), simplesmente porque ele e os demais sabem que o Estado é uma ficção. Temos polícia, mas ela não esclarece nada ou quase. Melhor ignorá-la, ainda mais quando os assaltantes são "supergentis", como os qualificou a mulher do ministro. Melhor premiá-los por seu profissionalismo. Que tal a Medalha Pedro Ernesto?


No Brasil a vida vale pouco, basta ver os números de menores assassinados em cidades brasileiras divulgados pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). No Brasil, morrem assassinados todos os anos cerca de 20 mil jovens entre 15 e 24 anos. Só para comparar, no Afeganistão - país em guerra e considerado "violento" - morreram quatro mil pessoas no ano passado, um quinto dos jovens brasileiros assassinados e menos de 10% dos homicídios de brasileiros (cerca de 48 mil por ano). A guerra é aqui mesmo, a terra do cada um por si e de Deus contra todos.

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