Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Os reeleitos e os novatos

Poucos "anjinhos"
nas duas casas

Dos 513 deputados eleitos, só 56 são novatos.
Entre os 27 senadores, há uma única estréia

NESTA REPORTAGEM
Quadro:

Composição do Senado e da Câmara dos Deputados

As eleições de 2006 promoveram na Câmara dos Deputados e no Senado Federal uma tímida renovação. Dos 513 deputados eleitos, 278 são parlamentares que conseguiram a reeleição e apenas 235 são políticos que estavam fora. Dentre estes, 137 já ocuparam algum cargo eletivo anteriormente, 42 já passaram pela Câmara em algum outro momento e apenas 56 são "anjinhos", apelido dado a deputados estreantes que, na linguagem deles, ainda não cometeram nenhum pecado. Segundo dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o porcentual de renovação na Câmara em 2006 não foi muito diferente dos resultados de eleições anteriores. Neste ano, o índice foi de 46%. Em 2002, ficou em 45% e, em 1998, em 44%. "Neste pleito, por causa dos escândalos do mensalão e dos sanguessugas, esperava-se uma renovação de pelo menos 60% dos deputados", diz a cientista política Lucia Hippolito.

No âmbito do Senado, o retrato foi apenas um pouco diferente. No total, foram eleitos 27 senadores, um terço da Casa, que tem espaço para 81 cadeiras. Somente sete dos treze candidatos a um novo mandato foram reeleitos. Entretanto, do total dos vinte novos senadores, dezenove já haviam ocupado algum cargo eletivo antes. De acordo com especialistas, as novas regras dessas eleições, como a que pôs fim aos showmícios, foram decisivas para o baixo índice de renovação. Elas reduziram a chance de novos candidatos se mostrarem ao público e, dessa forma, se elegerem. É evidente que sangue novo no Congresso nem sempre quer dizer sangue bom. Exemplo disso é o deputado Juvenil Alves (PT-MG), eleito para o seu primeiro cargo público com uma enorme votação em seu estado, que foi preso – e depois solto – antes da diplomação, por estar envolvido em denúncias de corrupção. Diz o cientista político David Fleischer: "Não adianta que se mudem apenas os políticos, há que mudar também as práticas nocivas e viciadas do Congresso".

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