O Globo |
29/12/2006 |
Diz a sabedoria do povo que a ocasião faz o ladrão. É necessário, e não parece difícil, definir o que é ocasião e quem é ladrão na presente bagunça que tomou conta dos vôos domésticos no Brasil. Ocasião é, em parte, o fim de ano, com o aumento de cidadãos procurando exercer o sagrado direito de passar as festas com a parentada. O ladrão - desculpem a força do termo, mas é preciso respeitar a voz do povo - terá sido qualquer companhia aérea que tenha vendido passagens acima do número de vagas em seus aviões. Não é esperteza inventada no Brasil, o que se vê pelo sotaque da expressão que a define: o overbooking obviamente nasceu no Hemisfério Norte. Ele tem, na origem, explicação quase compreensível: a companhia aérea aceitaria reservas além da conta porque um certo número de passageiros não apareceria para confirmar a reserva feita antes. Acontece que essa explicação marota - onde estão os índices de no show em cada país? - não serviria de desculpa para a empresa que overbuca (desculpem o palavrão) não em cima de reservas feitas, mas sim de passagens pagas antecipadamente. Foi ou não foi isso que aconteceu no Brasil no fim de semana do Natal? Se ficar provado que sim, o caso é grave: estaria na família do estelionato. Agravado por requintes de crueldade na manipulação de bagagens e no tipo de hotéis e refeições oferecidos a passageiros errantes (mas não errados). Há acusações de passageiros afirmando que isso aconteceu com a TAM. Talvez não exclusivamente, mas principalmente com ela. Seja como for, é impressionante o senso de oportunidade do vice-presidente do sindicato das empresas aéreas, Anchieta Hélcias, ao escolher exatamente esta semana para uma manifestação de muita bazófia e nenhuma de contrição. Ele saiu em campo para defender a overbucagem e ainda pedir castigo pesado para passageiro que não aparecer para embarcar. O moço entende de timing como ninguém. Em outro setor do problema, logo em seguida ao caos do Natal a Agência Nacional de Aviação Civil começou uma auditoria em todas as empresas, para encontrar culpados e impedir a repetição do desastre no Ano-Novo. Chama-se a isso voar atrás do prejuízo. A Anac poderia tê-lo evitado, se realmente exercesse, desde a criação recente, a sua obrigação de fiscalizar com rédea curta as empresas aéreas. No fim das contas, tudo ainda pode ser muito simples: basta a polícia estar de olho aberto, o tempo todo. Quem sabe que não existe a ocasião, não se mete a ladrão. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, dezembro 29, 2006
Luiz Garcia - Ocasião & ladrão
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