O Estado de S. Paulo |
22/12/2006 |
As explicações oficiais para o adiamento do pacote econômico destinado a destravar o crescimento não convencem ninguém. Os encarregados de dar satisfação à opinião pública ou disseram que é preciso "mais detalhamento dos projetos" ou, então, que em final de ano as pessoas só pensam em Papai Noel. Assim sendo, do ponto de vista da eficiência da comunicação, é melhor anunciar as novidades quando houver mais interesse da população para elas. Acredite quem quiser. Isso reforça as suspeitas de que o governo está travado por falta de rumo ou de vontade de agir. Aparentemente, a decisão de elevar o salário mínimo de R$ 350 para R$ 380 (reajuste de 8,6%, ou de 5,5 pontos porcentuais acima da inflação esperada) desfez a equação fiscal anteriormente montada pela equipe do Ministério da Fazenda. Pelas primeiras estimativas, este mínimo mais alto deverá aumentar as despesas do governo federal, especialmente na Previdência Social, em R$ 5,1 bilhões por ano (R$ 170 milhões a cada R$ 1 de aumento do salário mínimo), valor que ainda teria de levar em conta algumas compensações, como os ganhos do governo com aumento de arrecadação. Ainda não está claro qual é a opção de fundo: se é aumentar ainda mais as despesas correntes do setor público, com prejuízo para a capacidade de investimento; ou se renunciar a um pedaço do superávit primário, hoje de 4,25% do PIB, e, assim, enfraquecer a política de austeridade fiscal. Enfim, com os elementos existentes, não há a menor condição de se avaliar a qualidade desse futuro pacote econômico. Antes da decisão de adiar a divulgação, o ministro Guido Mantega havia anunciado a criação de um fórum de discussão sobre medidas para a Previdência Social. Sobre isso, cabem duas observações. Primeira: com o aumento do salário mínimo, parece ter ficado mais difícil atacar a questão principal. O rombo da Previdência Social neste ano vai para R$ 42,4 bilhões, o que come metade do superávit primário. Com o novo mínimo, em 2007 será difícil parar o déficit abaixo dos R$ 50 bilhões. Também fica bem mais complicado sustentar a tese prevalecente na administração da Previdência de que bastaria crescer 5% ao ano e aperfeiçoar os métodos de gestão para resolver definitivamente o problema. Já se viu que tão cedo o País não vai crescer 5% ao ano, porque não há investimento para tanto. Além disso, o reajuste do salário mínimo bem acima da inflação (equivalente ao avanço do PIB antes de aplicado o deflator implícito), não só em 2007, mas também nos próximos anos, deve causar nova deterioração nas contas da Previdência. Isso reforça o argumento de que o saneamento da Previdência exige corajosa reforma que, em última análise, aumente as contribuições e/ou reduza as aposentadorias. Segunda observação: a idéia de armar um fórum de discussão para encaminhar soluções talvez seja mesmo necessária porque faltam análises atuariais sobre as finanças da Previdência. Além disso, continua no ar a proposta de separar nas finanças da Previdência o que é despesa com aposentadoria, para receber tratamento previdenciário, de despesa com assistência social, para receber cobertura do Tesouro. É uma idéia que precisa de aprofundamento. No entanto, o risco já é conhecido. É o de que essas discussões desemboquem no puro nada e enrolem ainda mais as coisas. |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Celso Ming - Pacote adiado
Arquivo do blog
-
▼
2006
(6085)
-
▼
dezembro
(466)
- FERREIRA GULLAR De tédio não morreremos
- ELIANE CANTANHÊDE Lula herda Lula
- JOÃO UBALDO RIBEIRO O ano da mágica
- Merval Pereira A ação das milícias
- CLÓVIS ROSSI Uma ficção chamada Lula
- COMO LULA QUER SER LEMBRADO?por Paulo Moura, cient...
- A VOLTA DE QUEM NÃO FOI
- Delúbio estava certo...COMEMORANDO EM LIBERDADE
- MERVAL PEREIRA - O que é terrorismo?
- FERNANDO GABEIRA Governo e primos no aeroporto
- SERGIO COSTA Eles já sabiam.E daí?
- GESNER OLIVEIRA Lições de 2006
- FERNANDO RODRIGUES Obsessão petista
- CLÓVIS ROSSI O crime e o lusco-fusco
- NELSON MOTTA-A etica do acaso
- Lixo - uma chance para alguns avanços
- VEJA Especial
- VEJA Perspectiva
- veja Retrospectiva
- MILLÔR
- Diogo Mainardi O Homem do Ano
- Rio de Janeiro Terror na cidade
- Uma história ainda sem fim
- A agenda materialista da "bispa"
- Escândalo do dossiê O roteiro se cumpre
- FALÊNCIA MÚLTIPLA DE ÓRGÃOS
- A união contra o crime
- Míriam Leitão - As perdas
- Merval Pereira - União contra a bandidagem
- Luiz Garcia - Ocasião & ladrão
- Eliane Cantanhede - A PF morreu na praia
- Clóvis Rossi - Ponto para a barbárie
- O autoritarismo populista
- A cultura do privilégio
- Milícias paramilitares já controlam 92 favelas
- Celso Ming - As bolsas comemoram
- DE ATENTADOS, COMANDOS, PCC E MILÍCIAS!
- O Brasil é aqui Por Reinaldo Azevedo
- Demétrio Magnoli Leis da tortura
- REFLEXOS DE UM REAL VALORIZADO, E DE UM DÓLAR BARATO!
- Celso Ming - Tapete lambuzado
- CLÓVIS ROSSI O champanhe e o sonho
- Um pacto de seriedade
- Eliane Cantanhêde Opinião dos formadores de opinião
- CARLOS ALBERTO SARDENBERG Aos poucos
- Merval Pereira - Reinventar o Rio
- É ter fé e rezar Demóstenes Torres
- Sucesso de Incompetência (José Negreiros)
- Carlos Heitor Cony - Cadê Braguinha
- Você’ tem muito a aprender
- O etanol do Brasil assusta
- Descrédito absoluto
- Clóvis Rossi - O relatório do apocalipse
- Celso Ming - A ameaça chinesa
- ROBERTO DaMATTA Presente de Natal
- Míriam Leitão - Sem decolar
- Merval Pereira - Diagnósticos para o Rio
- José Nêumanne A republiqueta do João sem braço
- CAPITAL EXTERNO EM AÉREAS PODE SUBIR
- A IMPLOSÃO! OU GAROTINHO É O LULA DE AMANHÃ!
- "IMPERIALISMO" DEITA E ROLA COM LULA!
- PESQUISA INTERNACIONAL
- Isonomia e despautérios Jarbas Passarinho
- O apagão aéreo (nos EUA) Rubens Barbosa
- Arnaldo Jabor -Papai Noel nunca gostou de mim
- Clóvis Rossi - De fatos e conspirações
- Miriam Leitão Mulheres do mundo
- LUIZ GARCIA - Quanto pior, pior
- MERVAL PEREIRA -Mudar o astral
- As mistificações do diretor-geral da PF
- Lula cria vocabulário próprio em discursos
- SERGIO COSTA Preparar para não decolar
- VIVALDO DE SOUSA Planejamento necessário
- FERNANDO DE BARROS E SILVA Carpe diem
- DENIS ROSENFIELD - A república corporativa
- FERREIRA GULLAR Natal em cana
- PLÍNIO FRAGA Notícias infernais
- CLÓVIS ROSSI O corte, os serviços e o Natal
- ENTREVISTA ANTÔNIO ANASTASIA
- FOLHA ENTREVISTA FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
- Miriam Leitão Melhor não
- JOÃO UBALDO Natal sensacional
- MERVAL PEREIRA -Cérebro e coração
- DORA KRAMER Lula e o populismo
- Miriam Leitão Janela discreta
- MERVAL PEREIRA -Sem impactos
- GESNER OLIVEIRA Natal sem pacote
- CLÓVIS ROSSI Respeito no ralo
- Quando destrava a economia? Perguntem a Marisa Let...
- Tiros no pé
- Míriam Leitão - Drama do emprego
- Merval Pereira - Chance renovada
- O reajuste do salário mínimo
- Mínimo irracional
- É preciso informar
- A voz do Brasil
- Eliane Cantanhede - Grave a crise
- Clóvis Rossi - Pé-de-meia
- A distorção do auxílio-doença
- Guerra à pobreza está sendo perdida
-
▼
dezembro
(466)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA