O Estado de S. Paulo |
22/12/2006 |
PT e PMDB dão à coalizão caráter de partilha explícita no Parlamento O presidente Luiz Inácio da Silva resolveu arquivar temporariamente a apresentação da "solução 5%", ao adiar o anúncio de medidas para levar o Brasil ao crescimento; o Congresso foi obrigado a recuar de sua "solução 90%" e, no meio da confusão desta última e momentosa semana de trabalho no mundo oficial, os dois principais partidos da coalizão governamental apresentaram a "solução 50%", ou o padrão "fifty-fifty" de convivência para os próximos 4 anos. Em matéria de transparência há que se reconhecer: PT e PMDB não deixaram a desejar. Foram firmes, bem posicionados e nítidos ao imprimir à coalizão governamental no Parlamento o caráter de partilha explícita: o PT fica com a presidência da Câmara agora e, daqui a dois anos, apóia o PMDB para o posto, estabelecendo uma reserva de mercado para as duas bancadas. Sempre, claro, com a justificativa de que é tradição na Casa os maiores partidos terem direito à primazia no cargo. Ambos deixam de lado o fato de que essa regra não escrita, ao contrário da reza lendária, foi em várias ocasiões devidamente ignorada. PMDB, PFL e PSDB já fizeram acordos à margem do mandamento para assegurar o poder a despeito do tamanho das respectivas bancadas e o PT jamais respeitou a norma. Quando minoritário, sempre apresentou candidaturas. No episódio mais eloqüente, contestou a si próprio, apresentando dois candidatos e perdendo com ambos para Severino Cavalcanti. Em geral, esse tipo de acordo era engendrado de maneira dissimulada, implícita, mas jamais, como se fez agora, escrita. É o tal entendimento de que se o negócio é feito à luz do dia todas as deformações são perdoadas. A formalização do negócio por meio de carta do PT ao PMDB lembra o notório Delúbio Soares explicando seu entra-e-sai de ministério e do Planalto. Tesoureiro do PT, ele achava tudo muito natural porque, dizia, estava "fazendo política com transparência", à vista de todos. Não lhe ocorria que, escondido ou às claras, não tinha mandato nem delegação para tratar de assuntos de governo. Petistas e pemedebistas agem com semelhante naturalidade agora. Diz a missiva de presidente de partido para presidente de partido: "Propomos dividir a atual legislatura de maneira a que o PT e o PMDB presidam a Câmara. Nos dois primeiros anos seria o PT, e nos dois anos seguintes seria o PMDB." Percebeu o leitor a falta de cerimônia contida no "propomos dividir a atual legislatura"? Depois da tentativa de usurpação do poder do plenário pelas Mesas, temos consagrado o princípio do aparelhamento compartilhado no usufruto da presidência por decisão das cúpulas partidárias. Nossos comerciais Ministros passaram o dia de ontem gastando latim inutilmente em explicações desencontradas para o adiamento do anúncio do pacote do crescimento. Numa frase, o presidente Lula esclareceu o motivo real: "Agora o pessoal só pensa em Natal e ano-novo." Quer dizer, oficializou o que então corria como boato, de que o publicitário João Santana mandou suspender tudo para aproveitar melhor o impacto de marketing no início do ano. A data marcada pelo próprio presidente, a promessa de encontrar a solução 5% até o fim do ano, a expectativa interna e externa, o compromisso firmado, tudo perde a validade ante a melhor oportunidade publicitária. Pela mesma lógica, anunciou-se um salário mínimo de R$ 380, acima do considerado anteriormente suportável, no exato momento em que o Congresso se enredava na sua solução 90%. Diante de subsídios de R$ 24.500, quem haveria reclamar de um salário mínimo de R$ 380, questionar o acréscimo de R$ 1 bilhão nas despesas anuais da Previdência e perguntar em qual cabide será pendurada a fatura?
Esfarrapadas Há mais de dois meses a situação do sistema de tráfego aéreo é uma rotina de atrasos permanentes, mas suportáveis, e picos de caos, como o de ontem. A cada hora apresenta-se uma desculpa diferente. Primeiro foi a falta de dez controladores afastados para tratamento psicológico por causa do desastre do vôo 1907 da Gol, depois alegou-se a ausência de dois funcionários por problemas corriqueiros de saúde; o colapso seguinte foi atribuído à pane no sistema de comunicação de Brasília, e agora fala-se em "efeito dominó" por causa das chuvas em São Paulo. A razão de tudo, a operação-padrão dos controladores de vôo - longeva e persistente porque as autoridades não dão ao problema tratamento de urgência em função de as pesquisas não o apontarem como prioritário na percepção da maioria - não é explicitada. É, na realidade, escamoteada. Ao bispo O governo culpa a Aeronáutica, que responsabiliza as companhias de aviação, que acusam o governo, que também é cobrado pelos parlamentares pela crise no setor aéreo. E o passageiro paga a conta dos atrasos sem direito a tugir nem mugir. Quando o faz, é tido como apressado, deselegante e neurótico. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, dezembro 22, 2006
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