Enrolado nas encrencas que pipocam de todos os lados, com antigos companheiros como o Luiz Gushiken e o Gilberto Carvalho abandonando os seus gabinetes no Palácio do Planalto; as dificuldades para fechar a aliança com o PMDB mais esburacado do que queijo suíço; o humor presidencial no porão com a recusa das propostas apresentadas pela equipe econômica para estimular o crescimento a 5% ao ano a partir de 2007 - o mandato da reeleição do presidente Lula exibe, para a perplexidade do eleitorado que garantiu os 58 milhões votos, a cara enrugada, com vincos nos cantos da boca; o cabelo grisalho e os passos trôpegos de um ancião que ainda não nasceu.
Entre os muitos erros da inexperiência de aluno que custa a decorar a lição, salta a evidência de que o reeleito comete o pecado mortal da cartilha política de misturar dois governos no mesmo cardápio. E acumula o duplo equívoco de desconhecer as singularidades do modelo de permissividade questionável, ao tolerar que o candidato a emendar dois mandatos permaneça no exercício do cargo, com o privilégio do uso e abuso da máquina administrativa. Daí a lambança na precipitação de abrir a banca das barganhas de ministérios, secretárias e fatias do bolo do governo com a antecedência temerária de mais de dois meses. Na verdade, assim que retornou, nas asas do Aerolula, com 28 convidados da família e dos cupinchas das curtas férias na paradisíaca praia baiana, de uso privativo da Marinha.
Ressalve-se que não temos a didática experiência com a praga da reeleição, que Lula ganhou de presente na bandeja da herança maldita do antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, francamente, é uma questão de bom senso que se deslinda com a análise das similitudes e diferenças entre as duas situações. Na sucessão com a troca habitual de titulares, o eleito para o próximo mandato fica com as mãos livres para iniciar a desejável articulação do seu governo, seja no acerto de acordos partidários para a montagem de firme base de apoio parlamentar ou nas sondagens e convites para compor o governo. Não são coisas distintas, mas que correm em trilhos paralelos.
Na reeleição, o panorama muda da água para o vinho tinto que acompanha os pratos de sustância. À frente, dois atalhos: se o reconduzido decide manter a equipe com pequenos retoques, não tem porque guardar segredo. É só dar o recado pela mídia. Mas o novidadeiro passa pelos apertos que o desafiam e que empurram o presidente Lula para o desespero da impaciência e da irritação.
No período de transição que se espichou à eternidade, a sábia prudência recomenda a boca fechada. É um teste difícil e complicado. As ambições cercam, pressionam, reclamam o seu quinhão na partilha. E, como é inevitável, o vazamento antecipa preferências e prováveis escolhas. Mais lenha para a fogueira.
Na corda bamba entre as duas soluções, o presidente-reeleito inventou a fórmula mista: escancarou a cortina para a rodada prévia de articulação com governadores, prefeitos, dirigentes partidários, parlamentares e os conselheiros da sua confiança. Deu no que está à vista. Dois governos paralelos batem as cucas na paralisia que engessa o presente e na ansiedade do futuro que se coça na pressa de assumir plena e publicamente, a honra de sócio do poder.
Com a habitual falta de compostura da sua decadência moral, a Comissão Mista do Orçamento aprovou o relatório preliminar para 2007 liberando o repasse de verbas para entidades controladas por parentes. Está dado o aviso: no Legislativo não muda nada
Nem nas relações do presidente com a imprensa. O tricô das suas contraditórias declarações sobre a mídia apenas confirma que o que o presidente Lula diz é como balão apagado: não se sustenta no céu.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Arquivo do blog
-
▼
2006
(6085)
-
▼
novembro
(455)
- Imprensa, silêncio das oposições e Niemöller
- Demétrio Magnoli Policiais do passado
- Poderes sem pudor fiscal
- Caso de polícia, não de ONG
- A razão de ser da Radiobrás
- A raposa e o porco-espinho
- Celso Ming - No crédito, o juro não cai
- Dora Kramer - Por honra da firma
- Míriam Leitão - Erradicar o mal
- Eliane Cantanhede - Narrativa própria e apropriada
- Procurador-geral não vê uma ligação de Lula com me...
- Boa gestão na velha Radiobrás VINICIUS MOTA
- gora é Tarso Genro quem ataca a imprensa
- OPOSIÇÃO AJUDOU A FAZER A PIZZA
- BRASIL VARONIL Dora Kramer
- ALEXANDRE SCHWARTSMAN Selic a 10% não é inflacioná...
- FERNANDO RODRIGUES Publicidade estatal
- O imperativo das usinas nucleares Rubens Vaz da C...
- Celso Ming - Dia de Copom
- Dora Kramer - Corrida de fundo
- Miriam Leitão Forno de pizza
- O nó de marinheiro do Brasil Roberto DaMatta
- Vamos ter saudades de Gushiken?José Nêumanne
- Bandeirantes-Gamecorp: a "democratização" da mídia...
- AUGUSTO NUNES Três socos na sensatez
- O retorno dos marajás
- Fernando Rodrigues - A necessidade do homem
- Eliane Cantanhede - "Piloto automático"
- Míriam Leitão - Ano morno
- Lula toma as rédeas no PT
- Rendição - e o realismo
- Celso Ming - Um conceito e seus disfarces
- Dora Kramer - Com a faca e o queijo
- A OPOSIÇÃO E A GOVERNABILIDADE
- Celso Ming - Beleza de plantação!
- Dora Kramer - Cerca Lourenço
- PF quer ajuda da CPI dos Sanguessugas para esclare...
- PLÍNIO FRAGA Sorry, periferia
- FERNANDO RODRIGUES Repetição da farsa
- Tentação autoritária FERNANDO DE BARROS E SILVA
- Berzoniev não quer nem saber: diz que volta a pres...
- "Celso não morreu porque era do PT, mas porque a q...
- FOLHA Entrevista Tasso Jereissati
- Conta não fecha e irrita técnicos da Fazenda
- 'Exemplo de cooperativismo' dirigido por Lorenzetti
- Ministério tem 12 servidores para fiscalizar 4 mil...
- Agroenergia: novo paradigma agrícola - Roberto Rod...
- AUGUSTO NUNES Sete Dias
- JOÃO UBALDO RIBEIRO O estouro da boiada num boteco...
- Miriam Leitão Descontrole no ar
- ELIANE CANTANHÊDE O real complô das elites
- CLÓVIS ROSSI Férias, as últimas?
- Ainda Celso Daniel
- O rap da empulhação
- CELSO MING - Operação destravamento
- Dora Kramer O baronato faz acerto na CPI
- Aécio precisa fazer contas - Mailson da Nóbrega
- REINALDO AZEVEDO
- REINALDO AZEVEDO
- GESNER OLIVEIRA Mitos sobre concorrência e bancos
- FERNANDO RODRIGUES A coalizão e a economia
- CLÓVIS ROSSI O difícil, mas necessário
- Miriam Leitão Andar no trampolim
- Carta ao leitor
- Diogo Mainardi A imprensa lubrificada
- MILLÔR
- Ponto de vista: Lya Luft
- André Petry Os Michéis Têmeres
- Roberto Pompeu de Toledo Agruras dos inventores
- O Banqueiro do Sertão, de Jorge Caldeira
- O Crocodilo: crítica violenta a Berlusconi
- Quantas árvores pagam sua dívida com a natureza
- O envenenamento como arma contra os inimigos do go...
- Líbano Assassinato de ministro empurra o país pa...
- A fusão das Lojas Americanas com o Submarino
- Hidrogênio: não polui, mas é muito caro
- Novos bafômetros travam o carro do motorista bêbado
- Os minicarros já somam 35% do mercado no Japão
- Casamento: as chances da mulher são cada vez menores
- Os cinco nós da aviação brasileira
- Como Lula está cooptando a oposição
- As memórias de Hélio Bicudo
- Aloprados do PT combinam defesa e se fazem de vítimas
- O deputado mais votado do PT é preso por crime fin...
- Casca de banana para Lula
- VEJA Entrevista: David Rockefeller
- Tristes trópicos
- O deboche se repete
- Arquivamento suspeito
- "Entreatos" é Lula interrompido
- Eliane Cantanhede - Admirável mundo lulista
- Clóvis Rossi - A normalidade da anomalia
- Míriam Leitão - Temporada 51
- Celso Ming - Reforço na Eletrobrás
- Dora Kramer - Os sete mandamentos
- Cuidado! Há um petista de olho em você
- ELIANE CANTANHÊDE Nem oito nem 80
- CLÓVIS ROSSI Agora, o "voto" dos ricos
- Alô, governador!
- Fala sério!- CARLOS ALBERTO SARDENBERG
-
▼
novembro
(455)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA