O Globo |
16/11/2006 |
Assim como os governadores do PT e dos partidos aliados do Norte e do Nordeste cresceram de importância política depois da eleição, também os governadores do PSDB no Sul e Sudeste estão no centro das movimentações políticas, especialmente o de Minas, Aécio Neves, e o de São Paulo, José Serra, potenciais candidatos à sucessão de Lula em 2010. No PT, tendo feito seu sucessor no Acre e se recuperado de uma inesperada derrota de Lula no primeiro turno da eleição no seu estado, o atual governador, Jorge Vianna, desponta como o mais provável coordenador político do segundo governo Lula. Com trânsito fácil nos meios oposicionistas e alinhado ao grupo petista que vê no diálogo com o PSDB o melhor caminho para sair das crises políticas, Jorge Vianna, eleito governador do Acre pela primeira vez em 1998, tem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso uma relação política tão estreita que lhe permitia freqüentar o Palácio da Alvorada com a mesma desenvoltura com que o freqüenta na Era Lula. Com uma diferença: é um petista de primeira hora, e tem a confiança do presidente, a quem deve representar nas negociações políticas neste segundo mandato. Entre os governadores aliados da parte do país onde Lula teve mais votos, o da Bahia, Jaques Wagner, é o mais importante, e incluído com prioridade no rol de presidenciáveis do PT. Já defende publicamente o fim da reeleição e um mandato de cinco anos para o próximo presidente. Dificilmente o PT abrirá mão da prerrogativa de indicar um candidato à sucessão de Lula para aceitar um candidato de fora de suas fileiras, como Ciro Gomes, ou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ambos do PSB. Com o PMDB, a relação já está difícil antes mesmo de começar o segundo mandato, o que abre espaço para movimentos políticos na oposição. Nesse espectro do jogo politico, nada têm de fortuitos os movimentos que Aécio Neves está fazendo em torno dos governadores tucanos na região em que o partido é mais forte, e em direção a outros, politicamente importantes, da região Sudeste. Ter se reunido em São Paulo com a governadora tucana eleita do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, e com o ex-candidato Geraldo Alckmin, sem a presença de José Serra, mostra que o encontro teve uma conotação política não trivial. Nesse jogo tucano, o ex-governador Alckmin gostaria de disputar a Prefeitura de São Paulo em 2008, mas o governador eleito José Serra tende a apoiar o atual prefeito, Gilberto Kassab, do PFL. E reforça sua ligação com o PFL indicando para uma secretaria o ex-candidato ao Senado Guilherme Afif Domingues, que teve uma votação surpreendente para o Senado. A aproximação com os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, ambos da corrente do PMDB que não se liga diretamente ao esquema político do Palácio do Planalto, já tem uma direção certa: a eleição presidencial de 2010. Cabral, que vem surpreendendo pela armação de seu futuro governo com figuras independentes de correntes políticas tradicionais, especialmente do grupo de Garotinho, está recebendo o apoio direto de Hartung, que repatriou para o Rio seu secretário de Planejamento, Julio Bueno, e de Aécio, que, além de ceder assessores para ajudar num programa de gestão, vai com ele a Washington para uma reunião com o Banco Mundial. O governador Paulo Hartung tirou de Aécio o título de governador eleito com o maior percentual de votos no primeiro turno: teve 77% dos votos do Espírito Santo, enquanto Aécio ficou com 73% em Minas. Mesmo tendo perdido uma campanha de propaganda que o apresentaria como o governador mais votado do Brasil, Aécio teve o bom humor de telefonar para Hartung para cumprimentá-lo pelo feito, e contar o "prejuízo" que causara. Paulo Hartung começa o seu segundo mandato, depois de ter livrado os poderes do estado do controle do crime organizado, com o maior orçamento de investimentos dos últimos anos: 26% do PIB do Espírito Santo serão investidos em 2007, sendo que 14% do próprio estado, números do tempo do "milagre econômico" brasileiro, que, comparados com os 2% no máximo que o governo federal vem investindo nos últimos anos, mostra bem a diferença de comportamento. Há quatro anos, quando foi eleito pela primeira vez, o Espírito Santo era o penúltimo estado no ranking das contas públicas; hoje é o segundo, só perdendo para Tocantins, que é um estado recente, sem um passado de dívidas. Paulo Hartung é defensor de mudanças no Estado, cuja estrutura legal, segundo ele, "é feita para não funcionar". Para ele, a Constituição de 1988 distribuiu poderes entre os entes federativos para implantar o Parlamentarismo, e como o regime presidencialista permaneceu, hoje existe um desbalanceamento na federação que precisa ser reparado por uma ampla reforma do pacto federativo, especialmente na parte tributária. Hartung é um peemedebista com alma tucana - saiu do PSDB por divergências internas com a direção nacional -, que, por isso mesmo, permaneceu neutro na campanha presidencial. Hoje, trabalha em parceria com os governadores do Sudeste, de vários partidos, para fortalecer a região nas negociações. Só uma coisa ele não quer: "Submeter o futuro de nosso país à brigalhada política paulista". Música para os ouvidos do mineiro Aécio Neves. |
Entrevista:O Estado inteligente
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