Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, novembro 16, 2006

Eliane Cantanhede - Transponder ligado




Folha de S. Paulo
16/11/2006

Agora é líquido e certo: Lula vai trocar o comandante da Aeronáutica no segundo mandato, não porque haja algo contra ele, mas porque o brigadeiro Luiz Carlos Bueno já está no posto há quatro anos, se diz cansado e quer morar tranquilamente no Rio. Com FHC, foram pelo menos quatro ministros/comandantes em oito anos.
Os nomes para a vaga são os mais óbvios, por critério de antiguidade: os brigadeiros Junite Saito, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, cotado também para o STM (Superior Tribunal Militar) em 2007, e William de Barros, comandante-geral de Operações Aéreas. O terceiro na lista é José Américo, chefe do Estado-Maior da Defesa, candidato único à vaga do STM de 2008.
A intenção de Lula é trocar também os comandantes do Exército, general Francisco Albuquerque, e da Marinha, almirante Roberto Guimarães Carvalho, pelo mesmo motivo. Nada contra eles, tudo pela "renovação natural". Os candidatos são Renato César Tibau da Costa, para o Exército, e Euclides Duncan Janot de Matos, para a Marinha.
São os "nomes da vez" e não criariam desconfianças. Apesar de problemas nada fáceis na área militar, como a queda do primeiro ministro da Defesa, a nota do Exército defendendo a ditadura militar e o "apagão aéreo", que persiste, Lula não trocou abruptamente generais, almirantes e brigadeiros. Foi prudente.
A dúvida, agora, é sobre a permanência de Waldir Pires na Defesa. Ele tem perfil, cara e até voz de apaziguador, mas está no meio de um vendaval, causado pelo maior acidente da história da aviação civil brasileira e alimentado pela operação-padrão nos controles de vôo. Certo é que as Forças nunca engoliram bem a Defesa, apesar das frases de efeito em contrário. Como é certo que Aeronáutica e Pires estão em rota de colisão tanto quanto o Legacy e o Boeing da Gol. Lula é o transponder. Deve estar ligado.
elianec@uol.com.br

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