A decisão do PFL de transformar o “shadow cabinet” do prefeito Cesar Maia, que seria inicialmente uma atração a mais do seu ex-blog, em política institucional do partido indica que a tendência a uma atuação radicalizada na oposição é uma política vitoriosa. O “shadow cabinet”, uma experiência da Inglaterra dos anos 50, onde o partido de oposição constituía um “ministério” paralelo onde cada “ministro” acompanhava o trabalho do ministro oficial, é uma tática que o PT também utilizou depois da derrota de Lula para Fernando Collor em 1989, e dava o tom da oposição que o PT faria nos 13 anos seguintes, até chegar ao poder, em 2002. O PT não aceitou nenhum tipo de acordo com nenhum dos governos sucessivamente eleitos, assim como não aceitara antes apoiar a candidatura de Tancredo Neves no colégio eleitoral.
Quando o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen, e o líder, deputado federal Rodrigo Maia, se negam a dialogar com o governo, afirmando que estão cavando suas trincheiras no Congresso, agem da mesma forma que o PT quando era oposição. Essa disposição para a briga aparentemente não combina com a força política com que o partido saiu das urnas em outubro, mas o prefeito Cesar Maia, que, com a derrota do grupo carlista na Bahia, passou a ser a figura política mais importante do partido, à frente da Prefeitura do Rio, tem uma avaliação diferente.
Para ele, a avaliação das forças tem que partir do que chama “o partido real”.
O PFL, em fevereiro, tinha 65 deputados federais, e elegeu igualmente 65 deputados federais. “Este é seu tamanho na oposição”, constata Cesar, assim como o PSDB elegeu 66 deputados federais. “O PFL obteve um resultado igual ao do PSDB e com um melhor espalhamento”, comemora.
Quanto às eleições para governador, ele diz que devem ser avaliadas por quem tinha o governo. “Não se pode dizer que o PFL perdeu Pernambuco, tanto quanto não se pode dizer que o PSDB perdeu Brasília”, raciocina o prefeito do Rio, se referindo ao fato de que, nos dois estados, quem disputou a eleição foram os vices, mas o governo era do PMDB.
Para ele, “o PMDB foi o perdedor a nível dos governos estaduais, pois perdeu Rio Grande do Sul, Brasília e Pernambuco”. A derrota que ele admite como uma perda real é a da Bahia: “O PFL perdeu o governo de sua seção principal: Bahia. Ali sim foi uma perda, mesmo ganhando Brasília, pois o PFL-BA era e continua sendo a principal seção do PFL”.
Cesar Maia acha que o PFL, com a vice-presidência e a decisão de se abrir a composições, “com habilidade tornou-se o principal partido no Senado, com 22% do total. Mesmo o PMDB na Câmara não atinge 20% dos deputados”.
Ele lembra que, com outros senadores de oposição, o PFL “passa a ter no Senado força de obstrução, o que lhe dá força de negociação dos projetos de lei que entenda importantes, força para constituição de CPIs, força na tramitação de Medidas Provisórias ” .
Ele acha que o PFL vai conseguir manter a maioria no Senado, mesmo com a saída de Roseana Sarney do partido. “Até porque, numa ‘casa’ pequena, a bancada próxima ao governo precisa da oposição para avançar mais. E uma pressão forte pode gerar uma obstrução ainda mais forte”.
Cesar Maia diz que o resultado desta eleição, do ponto de vista da operação política, pode ser traduzido por um quadrilátero: “Num vértice, o poder Executivo, liderado pelo PT, que venceu com Lula. Em outro, na Câmara de Deputados, lidera o PMDB. Em outro, no Senado, lidera o PFL. E no último — na Federação — lidera o PSDB, com Minas, São Paulo e agora o Rio Grande do Sul”. Cesar diz que, dessa composição, “cada um vai querer puxar para seu lado”.
“O PSDB quer que o pólo de poder sejam os governadores, e o Aécio ( governador de Minas) já está negociando o pacto federativo.
Claro que, num fórum de governadores, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, juntos, vão polarizar”.
Cesar vê a reunião dos governadores, convocada para hoje pelo presidente Michel Temer, como uma maneira de o PMDB neutralizar esses movimentos.
Mas a reunião foi desmontada pela ação dos governistas, que evitaram que se transformasse numa discussão sobre o apoio ao governo Lula.
“O PMDB quer chamar para a Câmara o pólo básico de negociações, assim como o PFL vai querer atrair para o Senado esse pólo de negociações. Lula quer — naturalmente — que seja o Palácio do Planalto, e desenvolve o costumeiro varejo sem a presença orgânica dos partidos.
É esse cabo de guerra que começa a ser puxado, cada um para um lado”, avalia Cesar Maia.
As duas prefeituras, de São Paulo e do Rio, os postos mais importantes do PFL no momento, além do governo do Distrito Federal, poderão continuar com o partido, segundo Cesar Maia. Em São Paulo, tudo dependerá “das negociações internas com o PSDB e da visibilidade que Gilberto Kassab vá conquistando nestes 18 meses”. Na análise do prefeito do Rio, “a percepção de esgotamento do governo Lula” pode fragilizar a candidatura da ex-prefeita Marta Suplicy “e abrir um vetor novo em São Paulo para o PFL. Kassab é um mestre na gerência política”.
Quanto ao Rio, Cesar Maia diz que fez uma pesquisa no dia da eleição que indicou que para continuar com a atual prefeitura tinha apoio de 36%, contra 40%, o que considera “um excelente começo de pré-campanha”, especialmente, lembra, sendo a eleição em dois turnos. (Continua amanhã)
Entrevista:O Estado inteligente
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