Jornal O Globo
Encerrada a eleição não está, mas os institutos de pesquisa acham que as condições para a virada do jogo estão muito difíceis desta vez. Marcos Coimbra, do Vox Populi, acredita que este mês de junho é fundamental para o candidato Geraldo Alckmin, mas alerta: “está em andamento um processo de tomada prematura de decisão.” Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, lembra que “para o Alckmin subir, alguém tem que cair”. Lula não dá sinais de queda.
— A pré-campanha já teve seis meses. Foram seis rounds e o presidente Lula ganhou cinco deles. Junho é a época de concentração de inserção e de programas partidários do PSDB e do PFL. Essa é a chance de o candidato tucano avançar — diz Coimbra.
Nas últimas eleições, as inserções e o programa partidário foram ao ar em março. Logo depois, o candidato José Serra teve uma alta de 10 pontos percentuais.
— Se em algum momento da campanha o candidato do PSDB tivesse crescido 10 pontos, a conversa hoje seria outra — afirma.
Mas esse salto no programa partidário não necessariamente vai se repetir agora, porque os programas e as inserções não estão tão concentrados, estão espalhados ao longo do mês. De qualquer maneira, é preciso verificar o que vai acontecer após junho, que é um teste decisivo.
Coimbra acha que um dos fenômenos da eleição de agora é esta prematura tomada de decisão:
— O eleitor estava esperando que alguma coisa nova acontecesse, que surgisse uma alternativa. Quem não vê em Alckmin essa alternativa, pensa assim: já que eu não tenho o ótimo, aceito o satisfatório, e decide votar na manutenção.
Há outra motivação para ficar com o que já tem: a economia.
— Não estou falando de macroeconomia; pouca gente sabe o que é PIB. O que eles falam é de emprego, renda, crédito consignado, preço de comida. A comida nunca esteve tão barata. Os juros são altos, mas o pobre nem sabe o que está pagando de juros — comenta Montenegro.
É, de fato, um curioso fenômeno e eu até falei dele aqui: os juros altos derrubaram o dólar durante muito tempo e isso derrubou o preço do alimento. Crises na agricultura pelas mais variadas razões, desde o câmbio às doenças, como gripe aviária, derrubaram o preço dos alimentos. Isso é problema para uma parte da elite produtora, mas é comida barata para a população e, portanto, mais votos no candidato que busca um novo mandato.
Marcos Coimbra lembra também que o candidato do PSDB enfrenta a dura barreira do conhecimento. Os que declaram conhecer Alckmin não são um terço do eleitorado. Na pesquisa CNI/Ibope, divulgada esta semana, só 20% disseram conhecer bem o candidato; outros 33% disseram conhecer um pouco. Mas 46% não conhecem ou só conhecem de nome. Os que dizem que conhecem pouco não vão muito além de saber que ele foi governador de São Paulo.
Se a economia está num bom momento, neste aspecto ressaltado por Montenegro, fica ainda mais difícil convencer o eleitor a mudar.
— Nestas horas bate um medo de mudar — afirma Montenegro.
O presidente do Ibope está convencido de que a imprensa fez um excelente trabalho na divulgação de todos os escândalos de corrupção, assim não acredita que a exploração desses casos no horário eleitoral vá mudar o voto radicalmente.
— Se, no horário eleitoral, for só corrupção não muda o voto — diz, categórico.
Além de tudo ter sido divulgado pela imprensa, houve também um cansaço do eleitor com todas as denúncias e um nivelamento por baixo, que zerou o jogo.
— Não tem um contraponto, um poço de honestidade que atraia o eleitor que foi afetado pelas denúncias.
Os caminhos da formação da convicção do eleitor são complexos. Aquilo que enfurece o formador de opinião — a afirmação do presidente Lula de que não sabia nada — é aceito pelo eleitor com menos escolaridade.
O percentual de votos de Alckmin não é ruim, na opinião de Montenegro. É mais ou menos o percentual de votos que o candidato do PSDB José Serra teve no primeiro turno, quando Lula teve cerca de 42% dos votos; Serra, 21%; Garotinho, 16% e Ciro, 11%.
— Agora, o Lula está melhor do que naquela eleição, o Alckmin está na altura do Serra, a Heloisa Helena não chega a estar como o Ciro, mas se aproxima. O ponto que está faltando é o Garotinho. Como ele tiraria votos de Lula, se fosse candidato, poderia levar a disputa para o segundo turno. Lula é favorecido pela ausência de Garotinho.
O que poderia alterar isso? Difícil imaginar, ao fim da temporada de furacões que atingiu Lula, alguma coisa ainda pior. Um fato como o quebra-quebra no Congresso não faz muita diferença, diz o presidente do Ibope:
— A crise atingiu todo mundo: o ministro da Fazenda, o chefe da Casa Civil, o presidente do PT. E, mesmo assim, o Lula é o favorito. Não é Bruno Maranhão que vai derrubá-lo.
O mês é importante para o candidato da oposição, a campanha, de fato, ainda não começou; o presidente Lula está usando o cargo de forma explícita. Tudo é verdade, mas até os especialistas acham que as condições estão dadas para a reeleição do presidente.
Entrevista:O Estado inteligente
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