Folha de S. Paulo
29/6/2006
No início do governo, quando Lula mandou de volta para casa os
petistas Cristovam Buarque (hoje no PDT), Benedita da Silva e José
Graziano, já se dizia que os "melhores ministros" eram os técnicos
não-petistas. Essa percepção se aprofundou com a queda de Dirceu e
Palocci. Esses "melhores" são (ou eram) Roberto Rodrigues, da
Agricultura, Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Márcio Thomaz
Bastos, da Justiça, e Celso Amorim, das Relações Exteriores. E o que
vem acontecendo com cada um? Rodrigues rendeu bons momentos ao
governo, com recordes de safra e boa desenvoltura internacional, até
que Lula, num raro jantar com jornalistas, em 2004, lhe fez rasgados
elogios. Mas Rodrigues e Furlan vivem no fio da navalha junto com
Henrique Meirelles (BC): "acusados" de tucanos, costumavam ser
reconhecidos mais fora do que dentro do governo, onde tiveram fortes
embates. Rodrigues, entre outros, por defender os transgênicos.
Agora, Rodrigues abandona o barco, Furlan anda bem quieto, Thomaz
Bastos foi descuidado, ao se envolver mais do que devia com a quebra
do sigilo bancário do caseiro Francenildo, e Amorim saiu ressabiado
das últimas da América do Sul -a bordoada do "aliado" Evo Morales
(Bolívia) na Petrobras, por exemplo. Lula, assim, chega ao fim do
primeiro mandato sem o tripé original do seu governo (incluindo
Gushiken), sem os petistas de primeira hora e podendo perder os
"melhores ministros" -os técnicos. Ele opera para manter aliados e
cooptar parte da oposição, para tentar não ficar refém do PMDB num
eventual segundo mandato. Vai ter, também, de pescar entre acadêmicos
e técnicos. Aliás, a primeira opção para a Agricultura foi Pratini de
Moraes -do PP.