Agenda internacional do tucano prevê viagem à Alemanha na fase final
dos jogos
Enquanto o presidente Luiz Inácio da Silva recebe conselhos para não
ceder à tentação de ir à Copa, e nem pensar em passar pela Alemanha
antes de chegar a São Petersburgo para a reunião do G-8, seu
adversário Geraldo Alckmin está examinando seriamente a possibilidade
de assistir pessoalmente à fase final do campeonato.
Tudo depende, claro, do jogo de sábado. Se o Brasil vencer a França e
passar para a semifinal, Alckmin embarca, porque a reserva, para
todos os efeitos, já foi providenciada e uma motivação não-
futebolística também.
Oficialmente, o tucano estaria indo à Europa em cumprimento à agenda
internacional que em geral todos os candidatos com chance de vitória
fazem para mostrar inserção no mundo e dar idéia aqui dentro e aos
investidores estrangeiros de bom trânsito junto a líderes importantes.
Por isso mesmo a agenda da viagem inclui audiências - ainda na
dependência de confirmação - com os primeiros-ministros de Portugal,
José Sócrates, e da Alemanha, Angela Merkel.
Caso a viagem seja mesmo confirmada, Alckmin passará também pela
Bélgica, onde ainda não há programação prevista.
A ida do candidato à fase final do mundial de futebol não está sendo
recebida com naturalidade e muito menos com júbilo entre seus
aliados. Existem muito mais dúvidas do que certezas a respeito da
conveniência eleitoral do giro nesse momento, com a inclusão da
passada pela Copa.
No PFL, por exemplo, há o entendimento de que uma exposição dessa
natureza é altamente arriscada, ainda mais agora que as próximas
pesquisas de opinião já vão registrar os esperados e suados pontos a
mais de Alckmin na preferência do eleitorado.
Se algo sair errado na Alemanha - uma vaia, um protesto, pior, uma
derrota e a conseqüente atribuição do efeito "pé-frio" -, o candidato
se arriscaria e perder o terreno ganho nas últimas semanas em função
dos programas de televisão do PSDB.
Mas, mesmo dando tudo certo, Geraldo Alckmin ficaria exposto à
avaliação de estar sendo oportunista e demagogo, o que, argumenta-se
na seara pefelista, não é exatamente nem o perfil do candidato nem a
idéia que a campanha pretende transmitir.
Pode soar falso, pois Alckmin está a léguas de distância de fazer um
tipo popular.
Também entre os tucanos nem todo mundo acha essa história da viagem
uma proposta muito genial. Manobras bruscas normalmente não costumam
favorecer quem anda sobre a corda bamba.
Esta é a opinião dos realistas/pessimistas. Os otimistas preferem ver
as coisas por outro ângulo: o que leva em conta a sorte que Geraldo
Alckmin tem dado na vida desde que largou a medicina para se
candidatar a vereador em Pindamonhangaba e acabou governador de São
Paulo.
De qualquer forma, a despeito da reserva feita, o assunto ainda está
em suspenso, aguardando passar pelo crivo da contabilidade do custo-
benefício e, obviamente, esperando também a - se os deuses se
empenharem, bem-sucedida - passagem do Brasil para a semifinal.
Marca fantasia
O plenário do TSE manteve decisão anterior do presidente do tribunal,
ministro Marco Aurélio Mello, proibindo o uso da marca do governo
federal na divulgação do programa oficial de saúde bucal, o Brasil
Sorridente.
Na interpretação do presidente Lula isso é limitação legal ao ato de
administrar o País.
De fato é, mas só se o governante em questão entender que governar é
fazer propaganda, porque a lei não proíbe a administração federal de
funcionar, apenas veda a publicidade eleitoral em torno disso.
Isso é que é
A única explicação plausível para a saída inesperada do ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues, é justamente a razão negada por ele:
motivação eleitoral.
Da mesma forma como não havia votado em Lula em 2002, a julgar pela
avaliação de Rodrigues sobre o desempenho governamental, ele
certamente não votaria de novo.
Nada mais óbvio que a impossibilidade da permanência de um ministro
em governo ao qual ele não pretende apoiar na eleição.
Poderia ficar discreto, sem movimentos nem contra nem a favor, mas
tais imparcialidades não se coadunam com a visão vigente no Palácio
do Planalto a respeito da simbiose entre política partidária e
administração pública.
Sandálias
Não se sabe se é gênero para simular humildade, ou se é fruto de
realismo, mas entre tucanos e pefelistas agora se ouve que um segundo
turno na eleição para o governo de São Paulo é cenário mais plausível
que a vitória de José Serra no primeiro turno, conforme indicam as
pesquisas de agora.
Falava-se sobre isso terça-feira à noite, na festa junina do senador
José Jorge, a partir do solene enunciado segundo o qual "não há
eleição fácil em São Paulo".