FOLHA DE S PAULO
No dia 24 de março de 1997, quando a CPI dos Precatórios se arrastava no exercício sucessivo de criação de biombos para ocultar a natureza do problema, escrevi uma coluna em que tentava entender o "imbróglio" que se instalara nas investigações, com muitas linhas de investigação que surgiram, desapareciam e não levavam a nada -perdidas em uma investigação imediatista e confusa.
É importante analisar a natureza do objeto investigado e não incorrer em dois erros comuns. O primeiro, o de achar que todas as operações são interligadas: não são. O segundo é achar que não há nenhuma ligação entre elas: há.
Não são interligadas em relação à autoria. Mas são em relação ao "modus operandi". Existe uma estrutura, com diversos agentes e canais, por meio da qual operam partidos políticos de todas as linhas, narcotráfico, caixa dois e crimes de diversas naturezas. Essa estrutura se solidificou com a consolidação dos esquemas "offshore", especialmente a partir de 1997.
A parte criminosa na história não deve ser garimpada nas remessas dos 3.500 brasileiros. Ali, provavelmente, estava o dinheiro do medo, do pessoal que temia um novo confisco de moedas, como o que ocorreu com o governo Fernando Collor. Esse dinheiro passou por Nova York.
O dinheiro barra-pesada percorre outros caminhos, especialmente os paraísos fiscais de países que não tenham acordo de informação com os países centrais. Dias atrás, publiquei um estudo de assessores do senador Rodolpho Tourinho o qual identificava algumas das práticas de enriquecimento ilícito e de crime organizado. Não são práticas novas e já estavam bastante presentes na CPI dos Precatórios.
Criava-se uma corrente de compra e venda de títulos estaduais, com uma distribuidora vendendo o título para outra por um valor sucessivamente inferior, até que, em um determinado ponto da cadeia, entrava uma instituição pagando bem mais. Era ali que se dava o golpe.
O ponto mais importante das investigações está no pedido de abertura das contas das 11 corretoras -solicitada pela CPI do Mensalão. Ali reside uma das etapas do crime, mas provavelmente não a etapa principal. Atrás das corretoras, estavam agentes bem mais potentes -fundos de pensão operando por si ou por meio de bancos de investimento.
Na época da CPI dos Precatórios, foi realizado um trabalho bem-feito que reconstituía toda a cadeia de transações e chegava até os grandões. Esse trabalho se perdeu no meio do caminho porque bateu no centro do poder financeiro do esquema.
Agora, há nova chance de passar o país a limpo, de sanear o sistema financeiro das práticas irregulares, permitindo uma competição justa e saudável entre todas as partes, de impor o primado das leis sobre as operações "offshore" e de reduzir a maior iniqüidade desses tempos de tributação elevada: a diferença entre a carga tributária da atividade produtiva (incluindo empresas e trabalhadores) e desse mundo "offshore", que, de tanto transitar na zona cinzenta, perdeu a noção da legalidade.
Entrevista:O Estado inteligente
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