"Informações mais ou menos reservadas que circulam em Brasília dizem que todos os 13 deputados cujos processos deverão ser abertos na próxima segunda-feira no Conselho de Ética da Câmara vão renunciar ao mandato para escapar da cassação. Isto mesmo: os 13 teriam decidido renunciar.
Não sei se é verdadeira a notícia, mas que faz sentido, ah isso faz. Acontece que, quanto maior for o número de renúncias, maiores são as chances de cassação daqueles deputados que não renunciarem. Afinal, a Câmara precisa dar alguma satisfação à opinião pública.
Vamos imaginar que, dos seis petistas acusados de envolvimento com o mensalão e que ainda podem escapar da cassação, quatro decidam renunciar. Claro que a cassação dos outros dois torna-se mais do que provável.
E se os seis petistas decidirem renunciar, o que será dos sete deputados de outros partidos? Parece cassação na certa.
Assim, se todos renunciarem, a Câmara ficará restrita ao julgamento dos deputados cujos processos já estão abertos e que, portanto, não podem mais renunciar, a saber, Romeu Queiroz, do PTB, Sandro Mabel, do PL, e José Dirceu, do PT.
Se todos os 13 deputados renunciarem, o Palácio do Planalto vai aplaudir de pé, porque os estrategistas do governo Lula estão convencidos de que assim a crise termina mais cedo.
Pode ser um grave equívoco. Sem outros deputados para cassar além de Dirceu, Mabel e Romeu Queiroz, quem sabe os membros das várias CPIs se dedicam a responder a algumas importantes perguntas que ainda aguardam esclarecimento.
Por exemplo, quem abasteceu as contas do PT no exterior? De onde veio o dinheiro que acabou nas contas do publicitário Duda Mendonça, também no exterior? Qual a extensão da responsabilidade do presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo, no financiamento de sua campanha por dinheiro de caixa dois que saiu das contas do publicitário Marcos Valério? Qual o verdadeiro papel do banqueiro Daniel Dantas no abastecimento das contas de Marcos Valério? Qual o papel dos fundos de pensão, das empresas estatais e de várias empresas privadas mencionadas no escândalo do mensalão?
Tudo isto ainda não foi minimamente respondido pelos membros das CPIs. E não serão 13 renúncias que vão fazer com que a opinião pública esqueça esta montanha de dinheiro que circulou livremente durante anos e jorrou feito cachoeira nas contas bancárias de políticos, advogados, publicitários, alfaiates, donos de restaurante, promotoras de eventos, proprietários de jatinhos, e assim por diante."