blog Noblat
" A sociedade civil brasileira estava sendo tomada por um forte desalento. A cena dos deputados mensaleiros comemorando entusiasticamente a eleição do deputado Aldo Rebelo para presidente da Câmara foi deprimente.
Tudo fazia imaginar que as coisas estavam perdidas e a esperança de uma punição justa para os acusados fosse jogada no fundo da última gaveta, para aguardar o definitivo banho purificador, a pia batismal das eleições de 2006.
Afinal, se Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho e José Roberto Arruda foram perdoados pelo eleitorado de seus respectivos currais eleitorais – com perdão dos eleitores –, depois de terem ferido o decoro parlamentar de todas as formas possíveis e imagináveis, por que o mesmo milagre não poderia acontecer com José Dirceu e seus asseclas – perdão, seus acólitos?
Mas esta semana devolveu algum ânimo aos homens e mulheres de bem. De um lado, as acareações na CPI fornecem informações preciosas, se a gente descascar todos os xingos, todo o bate-boca, toda a pancadaria.
De outro lado, o fato de o deputado José Dirceu entrar com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal para solicitar o arquivamento do processo que deve levar à sua cassação e não ser pressurosamente atendido pelo presidente do STF, ministro Nelson Jobim, revela também que a opinião pública brasileira não está satisfeita com a atuação do atual presidente do Supremo.
Aliás, o manifesto de advogados e desembargadores gaúchos, pedindo a Jobim que renuncie à presidência do Supremo se quiser continuar atuando politicamente, como vem fazendo, é bastante eloqüente sobre a tolerância da sociedade quanto aos desvios de comportamento de autoridades. Sobretudo daquelas que, como Jobim, não fazem outra coisa senão sonhar com a presidência da República.
Nas próximas semanas, outras acareações devem acontecer, e algum avanço há de haver, para que a sociedade civil possa acalentar alguma esperança de que há justiça neste mundo e de que o deputado José Dirceu não é inimputável.
Todo mundo continua confiando no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e na palavra do ministro da Justiça, para quem "caixa dois é coisa de bandido".
E quem é bandido, precisa ser punido."