Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, julho 04, 2005

VINICIUS TORRES FREIRE :Nota de falecimento

folha de s paulo
 
SÃO PAULO - Faleceu neste final de semana o petismo-lulismo. Não resistiu a um mês de ferida aberta, a quatro semanas de Roberto Jefferson e de jornalismo: o petismo-lulismo leva dinheiro do notório Marcos Valério.
O petismo-lulismo foi um projeto de acaudilhamento do PT em torno do neopai dos pobres, Lula da Silva, plano concebido e implementado desde 1995 pela camarilha dos quatro, ora escorraçada até pelo próprio Lula: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Sílvio Pereira.
Ganhou e aparelhou prefeituras com o "discurso rosa". Mentiu. Fez campanhas à base de bravatas econômicas, políticas e sociais irrealizáveis, o que o próprio Lula admitiu. Ganhou e aparelhou o poder federal, montou uma coalizão política lastreada no inchaço da escória política de partidos satélites. Estertora, dá o vexame final na CPI em que seus deputados constituem a tropa de choque de Valério e Delúbio.
Faleceu também o sistema político. O féretro ainda não saiu. Pode apodrecer e empestear ainda mais o ambiente. A cassação de uns tipos notórios não bastará para purificá-lo.
Há indícios gritantes de que esta onda de deterioração do Estado vem desde Collor e é sistemática. Atinge Orçamento, estatais, licitações. Vive no compadrio mafioso na nomeação de quadros da burocracia. Nas campanhas eleitorais. Na publicidade oficial. Nos partidos de aluguel.
Nas pontas e na intermediação do sistema estão lavadores de dinheiro, doleiros, traficantes e contrabandistas. A presença destes últimos nos Estados de fronteira já é notória.
Essa reforma política de que falam é besteirinha, cortina de fumaça. Falta reforma institucional. Privatizar e sujeitar instituições ao controle social. Profissionalizar a burocracia. Moralizar o Orçamento. Barrar partidos de aluguel. Dar cabo da máquina de propaganda oficial.
Mas nada disso vai funcionar direito se o país continuar a fabricar a pior iniqüidade social do mundo, se for um país de semicidadãos ignorantes, um país sem crescimento, onde viver de expedientes rende mais do que viver uma vida decente.

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