"Todo mundo sabe que a melhor receita para
o país é uma ampla reforma política. Lula é o
maior obstáculo para que ela aconteça. Se ele
for derrubado, tem reforma. Se não for, não tem.
Lula, como sempre, é um fator de imobilismo e atraso"
Eu quero derrubar Lula. Muita gente teme o que pode vir depois dele. Nos últimos dias, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, se encontrou com políticos de todos os partidos. Ele teme que o impeachment de Lula acabe gerando um longo período de conflito social, porque a popularidade do presidente continua alta. Se um presidente conta com o apoio popular, segundo Jobim, ele está autorizado até mesmo a corromper os membros do Congresso Nacional. Não é exatamente o tipo de consideração plebiscitária que poderíamos esperar da maior autoridade judicial do país.
Muita gente teme também um golpe militar. É um temor alimentado pelo PT. O PT alardeia que um impeachment de Lula pode resultar num golpe de Estado. É mais uma empulhação petista. Em 1993, quando a eleição de Lula era tida como certa, José Dirceu e José Genoíno procuraram o general linha-dura Murillo Tavares da Silva. Na época, o general Murillo garantiu que, se Lula fosse eleito, não ocorreria um golpe militar. Nesta semana, ele voltou ao tema, num artigo para o site Ternuma, que reúne alguns nostálgicos da Revolução de 1964. No artigo, o general Murillo afirmou que Lula é um "inepto", um "néscio", um "apedeuta", "pródigo em dizer bobagens". Afirmou igualmente que Lula é "de uma covardia ímpar", tendo descarregado sobre seus subalternos toda a responsabilidade pela corrupção no governo, cujo maior beneficiário sempre foi ele próprio. Com um certo desalento, porém, o general Murillo foi obrigado a repetir aquilo que, em 1993, disse a José Dirceu e José Genoíno: não há o menor risco de que o impeachment de Lula desencadeie um golpe militar, porque o único desejo de nossos "temerários legionários", hoje em dia, é conseguir "algumas migalhas dos línguas-presas".
O grande temor da oposição, em caso de impeachment de Lula, é José Alencar. Aparentemente, a oposição teme que, em seu curto mandato como presidente, José Alencar reduza os juros, impulsione a economia, crie 10 milhões de empregos, abaixe os impostos e, ainda por cima, mantenha a inflação sob controle, tornando-se um candidato imbatível em 2006. Na verdade, José Alencar não é um candidato imbatível nem mesmo para vereador em Montes Claros. O grande temor da oposição é outro: o de que ela só seja capaz de ganhar a próxima eleição se concorrer sozinha.
Até agora nenhum parlamentar defendeu abertamente o impeachment de Lula. Alguns chegaram perto: "Não se pode descartar o impeachment", "As pessoas já perguntam se o impeachment não seria a melhor solução para a crise", "É delírio ou uma possibilidade falar em impeachment?", "Não estou pedindo o impeachment, mas, se a legalidade exigir, ele deve sair". Todo mundo sabe que a melhor receita para o país é uma ampla reforma política. Lula é o maior obstáculo para que ela aconteça. Se ele for derrubado, tem reforma. Se não for, não tem. Lula, como sempre, é um fator de imobilismo e atraso. Seus partidários chantageiam o eleitorado com a ameaça de que sua queda trará a "colombianização" ou a "venezuelização" da sociedade. Mentira. Não há o que temer. Pior do que está não pode ficar.
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