Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, julho 04, 2005

O AMIGO PUBLICITÁRIO editorial da folha

 É muito grave o fato de o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza ter servido de avalista para um empréstimo do Partido dos Trabalhadores e saldado para a legenda uma parcela de R$ 350 mil referente à operação.
Valério, acusado pelo deputado Roberto Jefferson de ser um dos operadores do "mensalão", havia afirmado que sua relação com o PT não ia além da amizade com o tesoureiro Delúbio Soares e da participação de suas agências em campanhas da legenda. Sua situação, no entanto, vai se tornando a cada dia mais difícil -ele que já procurou justificar com supostas aquisições pecuárias os cerca de R$ 20 milhões que sacou em numerário do Banco Rural.
Ao confirmar, em nota oficial, as revelações da revista "Veja", o tesoureiro petista confirmou também as suspeitas de que os laços de amizade que mantém com o publicitário são bem mais estreitos do que ambos desejariam admitir. Na nota, Delúbio diz ter omitido informações do presidente da agremiação, José Genoino, que também assina a documentação do empréstimo, e afirma que Valério passou a ser credor da sigla.
Mas, ao que parece, a dívida do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o amigo do tesoureiro tem sido retribuída com generosidade. As agências das quais ele é sócio obtiveram nos últimos anos contratos milionários com estatais e ministérios. A promiscuidade entre a vida financeira das empresas de Marcos Valério e a do PT tornou-se flagrante.
O episódio não é apenas constrangedor. Trata-se de uma acintosa violação aos mais elementares princípios republicanos. O fato de um publicitário responsável por contas de órgãos governamentais pagar dívida do partido do presidente da República já é, em si, um escândalo.
Não é admissível que o Planalto, em seu imobilismo, continue a contemporizar com uma situação que se vai mostrando insustentável. É preciso que os suspeitos sejam afastados de seus cargos para responder às acusações e que o presidente conclua a reforma ministerial que vem ensaiando há seis meses.

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