Os fatos trataram de demonstrar
que Roberto Jefferson não estava
mentindo quando falou em mensalão,
Delúbio, Valério...
Celso Junior/AE |
O HOMEM-BOMBA FALA |
No início de junho, em entrevista à Folha de S.Paulo, o deputado Roberto Jefferson falou pela primeira vez na existência do mensalão, um esquema clandestino de pagamento de suborno a deputados da base aliada. A operação, segundo Jefferson, tinha o comando do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e era organizada pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares. O pagamento ficava a cargo de um obscuro publicitário mineiro, Marcos Valério. De lá para cá, quase todas as denúncias do deputado do PTB acabaram se confirmando e, mesmo entre parlamentares do PT, já não há mais dúvida de que o mensalão existiu. Jefferson ainda prestou dois depoimentos para a Câmara dos Deputados e, a cada nova denúncia que fazia, surgiam fatos que comprovavam as acusações. Nesta semana, o deputado terá finalmente o momento que espera desde o início do escândalo do mensalão. Jefferson promete estar na primeira fila do Conselho de Ética da Câmara, onde o ex-ministro e deputado federal José Dirceu também prestará depoimento. São esperadas novas emoções.
O QUE JEFFERSON DISSE... | ...FOI CONFIRMADO |
"O mensalão é um repasse de recursos feito pelo PT para deputados da base aliada, em especial o PP e o PL. São 30 000 reais por mês para cada deputado" | Deputados e assessores de parlamentares do PT, PP e PL fizeram saques milionários em uma agência do Banco Rural, em Brasília |
"Esse dinheiro chega a Brasília, pelo que sei, em malas" | No último mês, a Polícia Federal apreendeu, nos aeroportos de Brasília, Congonhas e Belo Horizonte, malas carregadas de reais e dólares. O dinheiro estava em poder de políticos |
"O Delúbio tem como pombo-correio o Marcos Valério, um carequinha que é publicitário lá de Minas Gerais e repassa o dinheiro aos partidos" | A movimentação bancária de Valério e de suas empresas mostrou que o dinheiro sacado pelos políticos saía da conta de suas agências |
"No princípio deste ano, em duas conversas com o presidente Lula, eu disse: 'O Delúbio continua dando mensalão'. 'Que mensalão?', perguntou o presidente. Aí, eu expliquei" | A Secretaria de Coordenação Política confirma uma das reuniões. VEJA apurou que, em outros quatro momentos, Lula foi informado do mensalão |
"José Janene vai na fonte, paga, vem, é um dos operadores do mensalão" | João Cláudio Genu, chefe-de-gabinete do deputado José Janene, líder do PP na Câmara, sacou 900 000 reais das contas bancárias de Marcos Valério |
"O Silvinho possuía uma sala, no Planalto, ao lado do gabinete do José Dirceu" | Em depoimento à CPI dos Correios, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira admitiu que participava de reuniões em uma sala no Palácio do Planalto |
"As prestações de contas das campanhas de deputado, senador, governador e presidente estão muito aquém do que realmente é gasto" | O ex-tesoureiro Delúbio Soares assumiu que o PT usou caixa dois em suas campanhas e o presidente Lula disse que o que seu partido fez é "o que é feito no Brasil sistematicamente" |
"Nas eleições, a gente estabeleceu com o PT uma troca de apoio e pediu financiamento para candidaturas" | Delúbio Soares admitiu que o PT pagou dívidas de partidos aliados |
"Em julho, recebi 4 milhões de reais. O dinheiro foi levado ao partido pelo senhor Marcos Valério. Primeiro, foram 2,2 milhões. As notas eram etiquetadas: 'Banco Rural' e 'Banco do Brasil'" | O Banco Rural era usado por Marcos Valério para repassar recursos aos parlamentares e o PT obteve empréstimos no Banco do Brasil |
"Sai daí, Zé, sai rápido" | Cinqüenta horas após a declaração de Jefferson, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, apontado pelo deputado do PTB como "mentor" do esquema do mensalão, apresentou sua carta de demissão a Lula, que a aceitou imediatamente |
Nenhum comentário:
Postar um comentário